64ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 4. Educação Básica
O USO DE MAPAS MENTAIS NA GEOGRAFIA ESCOLAR: O ESTUDO DE CASO DO CIEP BRIZOLÃO 112 MONSENHOR SOLANO DANTAS DE MENEZES
Pamela Marcia Ferreira Dionisio 1
Paulo Marcio Leal de Menezes 2
1. Programa de Pós-Graduação em Geografia – UFRJ
2. Prof. Dr./ Orientador - Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ
INTRODUÇÃO:
Uma das acepções aceitas para mapa mental consiste em ser a representação daquilo que está presente na mente do indivíduo que o elabora, isto é, representa a percepção de um espaço determinado e de seus elementos. Este estudo está relacionado a diversas áreas do saber, como a Sociologia Urbana e a Geografia escolar, sendo esta última o foco deste trabalho, que apresenta como objetivo geral entender as potencialidades dos mapas mentais enquanto instrumento metodológico e didático para a Geografia realizada nas escolas. A realização de uma diagnose inicial dos níveis de alfabetização cartográfica dos educandos, bem como de reflexões acerca da percepção que estes indivíduos têm do espaço se constituem nos objetivos específicos.
A construção de mapas mentais possibilita que os educandos sejam mapeadores conscientes, isto é, indivíduos capazes de realizar seus próprios mapas, apresentando simbologia e escalas peculiares. Este recurso procura valorizar o saber do aluno, apresentando múltiplas possibilidades ao professor, quer seja de trabalhar elementos cartográficos formais, a partir deste conhecimento informal, como também compreender a percepção que os alunos têm do espaço em que habitam.
METODOLOGIA:
Para a construção dos mapas mentais foram elencados 30 alunos do segundo ano e 30 do terceiro ano do ensino médio do colégio estadual CIEP Brizolão 112 Monsenhor Solano Dantas de Menezes. Primeiramente, foi explicado aos alunos a ideia de mapa mental, para que se pedisse a sua construção, sendo esta referente à escola e a área ao redor. Pediu-se, que, pelo menos, se destacassem três construções além da escola que eles julgassem importantes. Posteriormente, os educandos escreveram um relatório e realizaram uma exposição oral, explicando os seus mapas.
Nestes mapas mentais foi procurado observar: noção de direita e esquerda, de pontos cardeais e colaterais, de proporcionalidade e de distância; visão do mapa, isto é, se foi oblíqua (como a foto), vertical (como as imagens de satélites) ou híbrida (mistura dos dois anteriores); elementos destacados nos mapas, isto é, os símbolos do lugar para o aluno; e, finalmente, diferença na percepção do espaço dos alunos quanto ao gênero.
RESULTADOS:
A maioria dos mapas mentais construídos (90%) apresentou hibridez quanto à visão do mapa, ou seja, misturaram a visão vertical com a oblíqua. Vale salientar que a visão oblíqua procurou destacar importantes construções para o aluno, estando principalmente atrelada ao CIEP em que os alunos estudam e à casa onde moram. As noções de direita e esquerda foram bem empregadas em 80% dos mapas mentais. Porém, a relação do posicionamento das construções segundo os pontos cardeais e colaterais foi deficitária em 100% dos mapas. A presença de elementos importantes de um mapa convencional, como título, legenda e escala não foram encontrados na maior parte dos mapas.
No que tange a toponímia mostrada nos mapas, foram encontrados em 100% nomes de ruas e de locais não oficiais, como “Rua de baixo” e “Rua atrás da escola”. Com relação à diferença de percepção quanto ao gênero, 85% dos educandos de sexo masculino mostraram o “Canto do gol”, espaço de grama sintética onde costumam jogar futebol, enquanto que nenhuma aluna destacou a presença desta construção. As noções de proporcionalidade das ruas e das construções não foram seguidas à risca em nenhum dos mapas apresentados, observando-se assim, um caminho pautado na afetividade e sem rigor cartográfico.
CONCLUSÃO:
A Geografia escolar oferece mais significado quando procura utilizar-se de representações que são elaboradas pelos agentes sociais. Desta forma, vale destacar que o aluno também é um sujeito que constrói representações e produz conhecimentos importantes para a compreensão do espaço geográfico. A área de estudo de mapas mentais aparece como exemplo de uma forma de representação, sendo um aporte imprescindível para o conhecimento geográfico na escola.
Assim, os mapas mentais mostraram-se um importante instrumento metodológico e pedagógico para a Geografia escolar. Possibilitou avaliar as noções cartográficas e de percepção espacial que os alunos já trazem consigo a partir de suas vivências como sujeitos que fazem parte do espaço, bem como através de conhecimentos geográficos obtidos em aulas pretéritas. As descontinuidades apresentadas na representação do espaço, como cortes de ruas entre as construções, e a desproporcionalidade no desenho das edificações, privilegiando umas em detrimento de outras, evidenciaram um espaço cuja percepção é a do espaço vivido, repleto de significados, vivências e afetividades. A partir dos mapas mentais, conceitos geográficos podem ser trabalhados, como o de lugar relacionado à ideia de espaço vivido.
Palavras-chave: Geografia escolar, mapas mentais, percepção espacial.