64ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 3. Microbiologia |
ANÁLISE MICROBIOLÓGICA HIGIÊNICO SANITÁRIA DO GUARANÁ ENERGÉTICO DA AMAZÔNIA COMERCIALIZADOS EM SÃO LUÍS/MA |
Joana Teresa Diniz Carvalho 1 Deborah Chaves Batista Vieira 2 Reuane Fernandes Prazeres 3 Nayra Anielly Lima Cabral 4 Patrícia de Maria Silva Figueiredo 5 |
1. Graduanda de Nutrição, Centro Universitário do Maranhão – Uniceuma 2. Graduanda de Farmácia, Instituto Florence de Ensino Superior – IFES 3. Técnica de Laboratório de Microbiologia – Uniceuma 4. Docente – UniCeuma 5. Profa. Dra. / Orientadora – Centro Universitário do Maranhão - Uniceuma |
INTRODUÇÃO: |
A necessidade de uma alimentação rápida para trabalhadores acarretou no crescimento desordenado do comércio informal. Para preencher as necessidades dessa falta de tempo, o mercado brasileiro foi invadido, na segunda metade da década de 90, por uma bebida mista não alcoólica à base de guaraná (Paullinia cupana), considerada energética. Essa mistura é produzida artesanalmente e comercializada de maneira imprópria nas ruas, representando um sério problema de saúde pública. Salvo algumas exceções, o guaraná natural da Amazônia é manipulado sem as mínimas condições de higiene e sem fiscalização dos órgãos competentes. Assim sendo, coloca-se em desafio a segurança alimentar, que visa a oferta de alimentos livres de agentes causadores de Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA).Sobre fiscalização da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), o controle da qualidade dos alimentos vendidos nessas condições deve ser feito não só do produto final, mas em todas as etapas de preparo. Objetivou-se analisar a qualidade dos micro-organismos contaminantes e potencialmente patogênicos que pode colocar em risco a saúde da população. |
METODOLOGIA: |
Coletou-se 30 amostras de guaraná da Amazônia tradicional pronto para o consumo e de guaraná em pó, farinha de castanha, xarope de guaraná e o gelo. Obtiveram-se as amostras aleatoriamente de três locais distintos do município de São Luís/MA, no período de janeiro a março (2012). Acondicionaram-se as amostras individualmente em recipientes estéreis. Depois, foram transportadas em isopor com gelo e encaminhadas para o Laboratório de Microbiologia Médica - UniCeuma, onde foram processadas e submetidas às técnicas clássicas de identificação de microbiologia. Diluíram-se as amostras em solução de NaCl a 0,9% e foram submetidas à técnica dos Tubos Múltiplos em triplicada e diluídas em 10-1,10-2e 10-3. O caldo Lactosado Simples (prova presuntiva) e o Verde Brilhante (prova confirmatória) foram incubados por 48 horas a 37 ºC. Para análise de bactérias termotolerantes utilizou-se caldo Escherichia coli (E. coli) em banho-maria à 44.5ºC. A partir dos meios líquidos positivos (turvos e com produção de gás no Durhan) consultou-se Tabela de Hoskins para NMP/g. Utilizou-se o caldo Rappaport como presuntivo para as espécies de Salmonella e Shigella. Amostras com indicativos positivos foram semeadas em placas de Petri contendo ágar Sabourand, Manitol, MacConkey e Salmonella e shigella. |
RESULTADOS: |
De todas as 30 amostras ensaiadas (a mistura pronta para consumo) foram identificadas a contaminação por meio de Coliformes a 45ºC (presuntivo de E. coli), Leveduras (presuntivo de Candida albicans), Presuntivo de Staphylococcus aureus, presuntivo de Shigella spp e não houve indicativo de contaminação por Salmonella sp. Conforme Jay (2005), a presença de coliformes fecais nos alimentos indica o risco da presença de patógenos de origem fecal, cujo habitat primário é o trato intestinal humano. Observou-se que as condições higiênicas sanitárias utilizadas pelas barracas eram precárias e sem recurso de higiene. Verificaram-se também problemas relacionados aos equipamentos como a frequência de higienização insatisfatória do liquidificador com uso repetido de utensílios descobertos, e em locais impróprios com ausência de lavagem. Observou-se ainda que os locais de preparo da bebida não estão protegidos contra o acesso de vetores e pragas, encontrando-se Serratia sp (micro-organismo existente trato intestinal de roedores). Constatou-se, por fim, que os manipuladores não apresentam asseio pessoal adequado, não higienizando as mãos antes, e após, a manipulação dos alimentos, além dos mesmos manusearem o caixa e possuírem o hábito de falar durante o preparo da bebida. |
CONCLUSÃO: |
A partir dos resultados obtidos no presente estudo, pode-se constatar que a bebida mista não alcoólica à base de guaraná comercializada em três locais distintos de São Luís/MA, apresentam índices de contaminação por coliformes termotolerantes, leveduras, Staphylococcus aureus e Salmonella sp, o que demostra um risco a saúde da população. Conclui-se que as informações apresentadas são resultados da falta, ou mesmo precariedade, no processo de higienização dos manipuladores, dos utensílios e equipamentos, além da inexistência de instalações adequadas para o preparo da bebida. A ineficiência da fiscalização das autoridades competentes nos estabelecimentos de comercialização do guaraná energético da Amazônia contribui sensivelmente para manter o desequilíbrio da segurança alimentar deste nicho de consumo. |
Palavras-chave: Guaraná da Amazônia, Microrganismos patogênicos, Saúde Pública. |