64ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 4. Fitogeografia |
DESCRIÇÃO DAS TIPOLOGIAS FLORESTAIS NA TRANSIÇÃO CERRADO-AMAZÔNIA DE MATO GROSSO, MUNICÍPIO DE CAMPOS DE JÚLIO |
Cecilia Maria Vieira Pinheiro da Silva 1 Gilmar Alves Lima Júnior 2 Renato Adam Júnior 3 Rodrigo Vieira de Castro 4 |
1. Natural Consultoria Ambiental e Prestação de Serviços em Meio ambiente 2. Prof. Mestre/Orientador - Depto. de Ensino – Instituto Federal de Rondônia 3. Natural Cons. Ambiental e Prest. Serviços em Meio ambiente 4. Aluno do curso Técnico em Florestas, IFRO |
INTRODUÇÃO: |
Diversos autores caracterizam a vegetação na região sudoeste da bacia Amazônica é caracterizada pela ocorrência de florestas de transição entre a Amazônia e áreas extra-amazônicas. A vegetação florestal do médio-norte do estado de Mato Grosso apresenta mata ciliar, cerradão e floresta estacional (um tipo de vegetação transicional) de acordo com estudos recentes na região, abordando a composição florística e estrutura da vegetação. As florestas ao norte e oeste do bioma Cerrado apresentam ligação florística mais forte com as florestas da Amazônia, onde as matas ciliares, os cerradões e as florestas ombrófilas abertas transicionais no sul da Amazônia, apresentam um padrão florístico, com a ocorrência de espécies dos biomas Cerrado e Amazônia. Este estudo apresenta o diagnóstico da vegetação e discussão referente a determinação das tipologias da área amostrada ao longo da Bacia do Rio Formiga, localizada no município de Campos de Júlio, Mato Grosso. |
METODOLOGIA: |
A área de estudo está localizada da Bacia do Rio Formiga, município de Campos de Júlio (13º53'58" S/ 59º08'51" W), médio-norte do estado de Mato Grosso. A caracterização da vegetação foi realizada com base na metodologia desenvolvida pela The Nature Conservancy, baseada em Pontos de Observação (PO) e Parcelas. Nesta metodologia são realizados dois tipos de amostragem de vegetação (1) amostragem pontual para verificar tipos vegetacionais e identificar grupos florísticos dominantes, e (2) e amostragem de parcelas num subconjunto de locais de coleta para obter informações quantitativas a fim de estimar a diversidade florística. Em cada PO são identificados os espécimes num raio de 20m, numa varredura de 360º em torno do ponto, listadas as espécies vegetais presentes e sua forma de vida e as classes de ocorrência (abundante, comum, ocasional ou rara) para espécies arbóreas, além de registros fotográficos das espécies e da paisagem. Os resultados permitem identificar os tipos vegetacionais, os grupos florísticos dominantes, os estágios de sucessão e o estado de conservação da vegetação. Foram amostrados 10 PO, 7 parcelas de 400m2 e 2 transectos com 1km cada de comprimento. |
RESULTADOS: |
Foram identificadas as fitofisionomias florestais: Floresta ciliar, Floresta Estacional e Savana floresta (cerradão), com diferentes graus de antropização. Ao norte, onde o rio Formiga encontra com o rio Juína, a vegetação foi mantida ou está mais preservada. Quanto a caracterização da tipologia, a Floresta ciliar apresenta vegetação composta de três estratos, arbóreo, arbustivo e herbáceo. Relevo sem declividade até acentuada (40%). O solo tem textura argilosa, sem pontos descobertos. A profundidade da camada de serapilheira varia entre 20 e 30cm. O Cerradão foi localizado em ambas as margens do rio Formiga, vegetação era composta de três estratos bem definidos. Variação do relevo de sem declividade ou é baixa declividade em torno de 5%. O solo tem textura arenosa de coloração amarelada. A profundidade da camada de serapilheira varia entre 10 a 15cm. A Floresta Estacional possui três estratos, com destaque para a cobertura do solo por pteridófitas, musgos, lianas e epífitas. A estacionalidade é semidecidual e o dossel apresenta alta densidade de cobertura, com ausência de clareiras. Não ocorrem pontos de solo descoberto, o relevo apresenta declividade média, em torno de 25%. O solo tem textura arenosa-argilosa e profundidade média da camada de serapilheira de 17cm. |
CONCLUSÃO: |
As tipologias florestais da região são pouco estudadas e a partir dos resultados, foi identificada uma grande variação na ocorrência, cobertura do solo e estrutura da vegetação. A Floresta ciliar predominou na área amostrada, avaliada em seis pontos de observação e três parcelas distribuídas nas margens do rio. A Floresta Estacional ocorreu em um PO e duas parcelas em áreas de influência indireta do rio. As áreas de cerradão compreenderam amostragem em três PO e quatro parcelas. As áreas estão disjuntas ou conectadas formando corredores ecológicos, devido ao uso do solo para plantio de monoculturas na região. Muitos destes fragmentos sofreram retirada seletiva de madeira para uso local (fabricação de lenha, mourões, casas, galpões), entretanto, outros apresentam grau menor, até mesmo mínimo de interferência antrópica. Além das tipologias florestais avaliadas, é importante ressaltar a necessidade de continuação dos estudos para caracterização da vegetação savânica, onde foram observados trechos cobertos por cerrado stricto sensu e vereda. Na região há empreendimentos instalados e em construção de pequenas centrais hidrelétrica no rio Juína e rio Formiga, que provocam mudanças na cobertura original próximo aos cursos d’água. |
Palavras-chave: Floresta Estacional, Cerrado, Floresta ciliar. |