64ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 2. Geografia Regional |
MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL: UMA CONTEXTUALIZAÇÃO SOCIOESPACIAL NO LESTE MARANHENSE |
Alanildo Gomes Guimarães 1 Alessandro Costa da Silva 2 |
1. Prof. Esp. - Departamento de Humanas e Sociais - IFMA 2. Prof. Dr./Orientador - UEMA |
INTRODUÇÃO: |
A pesquisa trata da modernização da agricultura no leste maranhense, apresentando como problema de estudo o debate que analisa se o avanço da monocultura da soja nesta região provoca o desenvolvimento territorial. Apresentam-se as implicações produtivo-econômicas e socioespaciais decorrentes da modernização da agricultura nesta parte do Estado. Foca esta dinâmica agrícola na microrregião de Chapadinha, especialmente em Anapurus. Possibilita-se uma análise da expansão territorial da agricultura da soja no cerrado leste maranhense, identificada como uma nova fronteira agrícola. Tem como objetivos analisar a expansão da soja no Cerrado leste Maranhense sob a ótica da modernização agrícola e do desenvolvimento do território, além de estabelecer a relação entre desenvolvimento e agricultura na microrregião de Chapadinha. Estudar a dinâmica de um também dinâmico processo socioespacial e econômico-produtivo nesta região constitui um tema instigante. Caminha-se no sentido de contribuir para o debate desta questão no campo das Ciências Humanas em geral e, em particular, na Geografia. Com os resultados da pesquisa, pode-se registrar e levar ao conhecimento social como o contexto em questão é um grande desafio, fundamentalmente estatal, nesta dinâmica econômica regional do Maranhão. |
METODOLOGIA: |
Optou-se pelo materialismo histórico como marco metodológico que orientou esta pesquisa, pois se trata de um estudo que envolve o contraditório, alicerçado nas conflitualidades inerentes a este processo. O método dialético, enquanto interpretação dinâmica e totalizante da realidade, ao debater os fatos considerados dentro de um contexto social, político, econômico nos pareceu o mais apropriado. Para as considerações formuladas e apresentadas no presente trabalho, considerando que o mesmo trata-se de uma pesquisa social, optou-se ainda pela pesquisa qualitativa. Nortearam metodologicamente esta prática: a pesquisa bibliográfica, fundamentada em Gil (2003); foi importante a base de conhecimentos e informações obtidas em locais físicos e em sítios de internet de instituições relacionadas ao tema, a exemplo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). De posse desse material coletado, deu-se o tratamento formal de pesquisa, interpretando dados, catalogando referências tentando assimilar o real conteúdo alcançado na busca da interpretação dos conhecimentos adquiridos. |
RESULTADOS: |
As repercussões do avanço da soja se constituem na modernização da base produtiva da região, no incremento econômico e em questões sociais como a relação de mão-de-obra empregada e incorporação de terras. Há diferenças estruturais na região pelo processo de espacialização, pelo agravamento da questão fundiária, pela expansão da fronteira agrícola, pela instabilidade do trabalho, pela influência dos complexos agroindustriais e pelas diferenças tecnológicas. Este padrão demonstra exclusão do homem do campo da geração de emprego, diminuição da renda, ocasionando desordem no espaço rural. A Sociedade Civil assume postura via Fórum em Defesa do Baixo Parnaíba, movimento que reúne grupos sociais da região. A cultura da soja pode ser um exemplo de cadeia produtiva importante para o município de Anapurus, e mesmo para a microrregião de Chapadinha. É extremamente difícil executar com sucesso uma política de desenvolvimento territorial numa conjuntura marcada pela crônica concentração da posse da terra e da renda, características estas, estruturais em diversas regiões do nosso país. Isto, associado a permanência de uma estrutura institucional ainda vinculada a lógica produtivista e setorial dificultam as iniciativas ligadas a implementação da abordagem territorial de desenvolvimento. |
CONCLUSÃO: |
A mundialização econômica inseriu esta região como área da dinâmica produtiva do agronegócio da soja. A região em estudo vive hoje uma nova realidade com a chegada de agricultores do sul do país carregados de informações, equipamentos e técnicas modernas, transformando terras, antes improdutivas, em excelentes áreas de produção agrícola. A agricultura modernizada em Anapurus constitui, de fato, um elo no processo de complementação/especialização dos sistemas produtivos nacionais, articulando-se, portanto, ao jogo da divisão internacional do trabalho. Ao mesmo tempo em que há na região a modernização da base produtiva, a incorporação de novas áreas, por outro este contexto não foi capaz de gerar desenvolvimento para este território. Isso se constata pelos péssimos indicadores socioeconômicos de Anapurus. Mais de 50% da população vive sob situação de pobreza segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As políticas de desenvolvimento territorial são insuficientes para a melhora das condições de vida da população nesta parte do estado do Maranhão. Entende-se que só a atuação conjunta da iniciativa privada, do setor público e da sociedade civil pode resultar no desenvolvimento territorial deste município. |
Palavras-chave: Modernização Agrícola, Desenvolvimento Territorial, Anapurus. |