64ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 4. Odontologia - 1. Cirurgia Buco-Maxilo-Facial
CISTO RESIDUAL: RELATO DE CASO EM ÁREA DENTADA NA REGIÃO ANTERIOR DA ARCADA INFERIOR
Addison Breno Silva da Conceição 1
André Luiz da Silva Carneiro 1
Francisco Sérgio Neres 2
Diego da Costa Pinheiro 2
Clívia da Conceição Mar 2
Elisângela Ribeiro Azevedo 1,3
1. Clínica Odontológica do Centro Universitário do Pará
2. Setor de Produção Vegetal / UFRA-UDCP
3. Cirurgiã Dentista, Esp./Orientadora – Hospital de Aeronáutica de Belém
INTRODUÇÃO:
Cistos são lesões revestidas por tecido epitelial contendo no seu interior substância líquida ou semi-sólida. Os cistos intra-ósseos são detectados em estágio inicial, apenas pelo exame radiográfico e quando não tratados precocemente podem provocar deformidades ósseas extensas. Entre os cistos odontogênicos, o cisto radicular é a doença cística que mais afeta maxila, sendo localizado no ápice de um dente infectado ou degenerado.
Um cisto radicular pode se originar dos restos epiteliais do ligamento periodontal de um dente não vital. Tal lesão pode permanecer nos maxilares após a extração de um dente afetado; neste caso, é denominado de cisto residual. A permanência de um cisto radicular nos maxilares também pode ser decorrente da esfoliação espontânea da raiz residual do dente que lhe deu origem. Os cistos residuais são lesões benignas, porém, em casos raros foram relatados o desenvolvimento de carcinoma de células escamosas nos cistos.
Radiograficamente, o cisto residual apresenta-se como uma lesão radiolúcida, redonda ou oval, assintomático e circunscrita por uma linha radiopaca bem definida. A importância do assunto deve-se à necessidade de alertar o cirurgião-dentista quanto ao correto diagnóstico e tratamento das lesões císticas, para que a recidiva dessas lesões diminua.
METODOLOGIA:
O presente trabalho relata um caso clínico de um paciente do gênero masculino de 65 anos de idade, atendido no Hospital de Aeronáutica de Belém no ano de 2006, com lesão cística, correspondendo aos elementos 41, 42 e 43. A lesão apresenta-se clinicamente assintomática, de coloração normal e de aproximadamente 3 cm de diâmetro, fibroso à palpação.
A técnica utilizada para remoção foi a enucleação cística documentada através de fotografia digital, realizando-se primeiramente a anti-sepsia cirúrgica intra-oral e extra-oral, o bloqueio do nervo alveolar inferior e seus ramos terminais: nervo incisivo e nervo mentoniano.
A incisão foi feita na mucosa vestibular em fundo de sulco e, em seguida, procedeu-se o descolamento da mucosa. Com caneta de alta rotação e broca cirúrgica, realizou-se a trepanação óssea. A enucleação cística foi feita com a parte posterior das curetas; devido o epitélio cístico ser delgado, houve rompimento da cápsula cística que foi removida com curetagem vigorosa para que nenhum fragmento de epitélio cístico permanecesse no interior da cavidade. Após este procedimento realizou-se a sutura contínua, com fio de seda 3.0 e o material removido foi encaminhado ao Laboratório de Anatomia Patológica e Humana do Hospital Universitário João de Barros Barreto da UFPA.
RESULTADOS:
Segundo avaliação histopatológica do Laboratório, o material macroscopicamente recebido para exame constou de múltiplos fragmentos de tecido mole apresentando formato e superfície irregulares, cor pardacenta, consistência borrachosa, medindo em conjunto 33 x 23 x 05 mm.
Microscopicamente, os cortes histológicos revelaram fragmento de cápsula cística revestida parcialmente por epitélio pavimentoso estratificado de poucas camadas, apresentando áreas focais de exocitose. A cápsula cística é constituída por tecido conjuntivo fibroso denso apresentando vasos sanguíneos de calibre variado e infiltrado. A presença de exsudato fibrino hemorrágico termina por completar o quadro histológico examinado, dando como diagnóstico histológico compatível com cisto residual.
Correa et al. (2002); Amarante et al. (2003) relatam que, os cistos são geralmente assintomáticos, podendo permanecer por muitos anos sem diagnóstico. Infelizmente, pouco se sabe sobre cisto residual, ou seja, não se sabe em que circunstâncias ele pode regredir naturalmente, manter-se estático ou aumentar de tamanho, ou seja, o seu caráter residual apresenta-se raramente. Esse estudo foi realizado respeitando-se os princípios éticos contidos na Declaração de Helsinki (2000), e as legislações específicas do Brasil.
CONCLUSÃO:
O estudo dos cistos residuais, por meio da pesquisa bibliográfica e do caso clínico relatado, permite concluir que o tratamento do cisto radicular realizado com sucesso é de grande importância para que não haja a formação do cisto residual. Exames radiográficos são fundamentais, entretanto, o diagnostico conclusivo só é dado com os exames histopatológicos.
Palavras-chave: Cisto residual, Arcada inferior, Histopatologia.