64ª Reunião Anual da SBPC |
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Linguística - 6. Liguística |
MARCAS DA ORALIDADE NA ESCRITA, EM REDAÇÕES DE ALUNOS DA UEB JOSUÉ MONTELLO |
Klécia Veloso Pinto dos Santos 1 Aline Gama de Castro 1 Ivane Santos Diniz 1 Sheila Cristina Castro dos Santos 1 Conceição de Maria de Araújo Ramos 2 |
1. Depto.de Letras, Universidade Federal do Maranhão- UFMA 2. Profa. Dra. /Orientadora - Depto.de Letras - UFMA |
INTRODUÇÃO: |
A visão de uma língua oral conflitante com a língua escrita vem perdendo força, e estudos demonstram que as duas modalidades se complementam, abrindo caminho para que tais habilidades se desenvolvam. É comum encontrar-se características da oralidade na língua escrita e vice-versa. Considerando esse ponto de vista, pode-se compreender as relações existentes entre essas duas modalidades nos mais diversos gêneros textuais. É fato que muitos alunos apresentam dificuldades ao redigir textos, observando o padrão da língua escrita culta. Isso se deve ao fato de que, ao escreverem, os alunos são influenciados pela língua falada. Considerando esta realidade e tomando como ponto de partida a visão de Marcuschi (2001) e a de Bagno (2007), pretende-se examinar a influência da modalidade oral nas produções textuais escritas pelos alunos da UEB Josué Montello, a fim de averiguar a presença de marcas características da oralidade nas produções textuais desses alunos e refletir sobre se essas marcas apontam algum tipo de mudança na Língua Portuguesa, levando em consideração alguns fatores relevantes, tais como o conhecimento de mundo do aluno e seu ambiente escolar. |
METODOLOGIA: |
A proposta foi realizada em duas etapas, a primeira refere-se à pesquisa bibliográfica; a segunda, à pesquisa de campo (vivenciada em dois momentos: apresentação de palestras que abordam a relação entre Turismo, São Luís e cidadania, e ainda produções textuais a partir do conteúdo enfocado nas apresentações). Nesta última etapa, ocorreu a visita à escola com duração de uma semana, com as seguintes ações: realização de palestras, apresentação de teatro e vídeos e ainda dinâmicas, totalizando 50 minutos. As redações que relatavam os momentos vivenciados pelos alunos no projeto eram coletadas sempre no final da semana. Para a realização deste trabalho, selecionaram-se cinco redações produzidas por alunos do ensino fundamental maior (6º ao 9º ano), com idades entre 11 e 16 anos, três representantes do sexo feminino e dois do sexo masculino, todos oriundos de estratos sociais menos favorecidos. Para a análise dos textos, foram considerados o conteúdo referente à palestra, a coesão textual e a presença das marcas características da oralidade na escrita. A análise foi baseada nas ideias de Marcuschi (2001) e Bagno (2007). |
RESULTADOS: |
Verificou-se que os textos produzidos por alguns alunos do ensino fundamental maior apresentavam marcas características da oralidade em suas redações. A maioria dos textos apresentava alguns traços característicos da oralidade na escrita de palavras. Em quase todas as redações analisadas ocorreram construções, no início do texto, que indicam passagem de turno, característica da modalidade oral. Ocorreram também, excessivas repetições de um mesmo vocábulo, num mesmo texto, e a presença de verbos na primeira pessoa do singular. Muitas dessas ocorrências correspondem à transposição da oralidade para a escrita, consequência recorrente da falta de familiaridade com a leitura e a escrita, o que evidencia que tais alunos trabalham apenas com base na apropriação do conhecimento pré- existente sobre a língua materna. |
CONCLUSÃO: |
Após a análise dos dados, verificou-se que as produções textuais dos alunos em estudo apresentavam marcas características da oralidade em sua estrutura e que, apesar das dificuldades em relação à coesão textual, os alunos possuem habilidades e competências para redigir os textos propostos em sala de aula. As dificuldades apresentadas decorem, em grande parte, do não domínio da ortografia oficial. Convém ressaltar ainda que o fato de os alunos produzirem seus textos a partir das palestras dadas em sala de aula possivelmente poderá ter ocasionado algumas das marcas da oralidade registradas nesta pesquisa, principalmente em relação à presença de verbos da 1ª pessoa do singular e de marcadores de turno. Outro fator que, possivelmente, também contribuiu para a presença da oralidade nas redações é o fato de os professores não lançarem mão de estratégias para estimular os alunos no que concerne à leitura e produção de textos de diversos gêneros. |
Palavras-chave: Ensino de Língua Portuguesa, Produção textual, Marcas de oralidade na escrita. |