64ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 5. História - 7. História Política |
CHICO JULIÃO, LIGAS CAMPONESAS E A LUTA PELA POSSE DA TERRA: UM PESADELO PARA OS CORONÉIS (1945-1964) |
ADMÁRIO LUIZ DE ALMEIDA 1 MARA FRANCO DE SÁ 2 |
1. Prof. Dr./ Licenciatura em Matemática - UFT - Campus de Arraias - TO 2. Profa. Ms./ SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL |
INTRODUÇÃO: |
O governo de João Goulart (1961-1964) foi um momento de radicalização, polarização política e avanços das forças populares, sobretudo pós-plebiscito, em 1963. Se por um lado se constatava, por exemplo, a mobilização explosiva das massas camponesas no Nordeste, em apoio à reforma agrária, por outro, as chamadas reformas de base de Jango produziam no seio dos setores conservadores uma oposição ferrenha, fato que, por si só, já anunciava obstáculos no Congresso. As ações das Ligas Camponesas, lideradas por Francisco Julião, se tornaram intensas e extremadas, ao proporem mudanças na estrutura fundiária do país e nas relações de produção no campo. Produto de um tempo de propostas e mudanças profundas e nada moderadas na vida da nação brasileira, esse fato dá a dimensão da importância e relevância do estudo relacionado à militância das Ligas, sobretudo quando nos deparamos com a repressão que se seguiu ao golpe de 1964, projeto político do capital internacional, aliado das camadas superiores nacionais, e de setores conservadores que se opunham à ascensão das massas. |
METODOLOGIA: |
A pesquisa se fez a partir de uma perspectiva qualitativa e a análise dos dados se alicerçou no depoimento de Elizabeth Teixeira (2012), esposa de João Pedro Teixeira, um dos líderes das Ligas Camponesas, em Sapé, na Paraíba, nos trabalhos de Azevedo (1982), Camargo (2005), Morais (1997) e Guimarães (2004) que, ao contextualizarem as ações das Ligas Camponesas, nos proporcionam reflexões sobre a própria atuação do movimento, bem como suas relações políticas e ideológicas. |
RESULTADOS: |
Com o aumento dos foros e a expulsão dos camponeses das terras onde trabalhavam, as relações feudais estabelecidas no campo se tornaram mais conflituosas e resultaram em lutas mais intensas. A defesa dos trabalhadores rurais na Justiça e a publicação de uma declaração de princípios, em defesa dos camponeses, a Carta aos Foreiros de Pernambuco, fez o advogado Francisco Julião Arruda de Paula, alcançar notoriedade. E o movimento que se iniciara no Engenho Galiléia cresceu, passando a defender uma reforma agrária radical. Outras LIGAS foram criadas em Pernambuco, sobretudo na Zona da Mata e no Agreste. Em 1961, havia 25 núcleos. Na Paraíba, destacou-se a Liga de Sapé. Foram organizados comitês regionais em cerca de 10 estados brasileiros. Em Goiás (1963), houve uma tentativa de guerrilha em Dianópolis, sob a liderança de Clodomir de Morais, advogado, deputado e ex-militante comunista. Em 1962, foi criado o jornal A Liga, cujo objetivo era ser porta voz do movimento, em caráter nacional. Tentou-se, inclusive, a constituição de um partido político: Movimento Revolucionário Tiradentes, mas as pretensões políticas dos dirigentes das ligas foram esvaziadas diante de ações da Igreja e do Estado que organizaram e incentivaram a criação de sindicatos. |
CONCLUSÃO: |
Em 1964, com o golpe civil/militar patrocinado por setores conservadores nacionais e internacionais, o movimento no campo foi desarticulado, seus líderes presos, mortos e exilados. Entretanto, a reação não conseguiu eliminar suas bandeiras de luta pela posse da terra e pela reforma agrária, as quais seriam incorporadas às futuras reivindicações sindicais dos trabalhadores do campo. |
Palavras-chave: ligas, camponeses, reforma agrária. |