64ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica
FENOLOGIA DE TRÊS ESPÉCIES DE MANGUE EM UM SÍTIO DE RECUPERAÇÃO INDUZIDANA FOZ DO RIO DOS CACHORROS, SÃO LUÍS, MARANHÃO, BRASIL.
Ivanilson Luís Alves Fonsêca 1
Flávia Rebelo Mochel 1,2
Clóvis Lira da Rocha Junior 1
1. Depto. Oceanografia e Limnologia -UFMA
2. Profª Drª. Orient.
INTRODUÇÃO:
Os manguezais são ecossistemas costeiros, estuarinos, sujeitos a inundações periódicas pelas marés e por águas doces. São sistemas abertos no tocante à entrada e saída de matéria e energia. Geralmente, ocorre nos manguezais entrada de sedimentos, água doce e nutrientes e saída de água e matéria orgânica para os estuários. Eventos fenológicos são definidos como períodos de máximo aparecimento de folhas, abscisão de folhas, floração e frutificação. O estudo da fenologia das espécies típicas de mangue representa as tendências de produção das partes reprodutivas e vegetativas da planta, caracterizando, assim, alguns aspectos funcionais da biologia dessas espécies adaptadas à zona costeira. Estudos de fenologia no Brasil são realizados em bosques adultos e em desenvolvimentos, comparando áreas com outra como respostas as variações sazonais ou geográficas de um ambiente a outro. O presente trabalho teve como objetivo o estudo fenológico em um sítio de recuperação induzida, acompanhando o desenvolvimento das mudas de três espécies vegetais de manguezal Rhizophora mangle, Laguncularia racemosa e Avicennia germinans até a sua primeira floração. Buscando entender este comportamento a fim de avaliar qual espécie responde melhor aos impulsos ambientais que favorecem a fenologia e como estas espécies podem vim a ser usados com ferramentas na recuperação destes ecossistemas.
METODOLOGIA:
O trabalho foi desenvolvido em um sítio de recuperação induzida na foz do Rio dos Cachorros na ilha de São Luís nas coordenadas 2º40’41’’ S e 44º21’26’’ N. As observações foram feitas em indivíduos jovens plantados no sítio oriundas do viveiro de mudas onde estas foram cultivadas. Os propágulos e a lama usados para produzir as mudas, foram coletados no estuário dos Rio dos Cachorros e no Estreito do Coqueiro. Em um saco de mudas foram colocados 7 propágulos de Laguncularia racemosa, em mudas de Avicennia germinans foram 3 propágulos por saco e em mudas de Rhizophora mangle apenas 1 propágulo em cada saco. As mudas foram cultivadas em um viveiro regadas com água salobra, após dois meses de desenvolvendo no viveiro as mudas foram levadas ao sítio de recuperação onde foram plantadas e a irrigação foi natural, pelas marés, foram realizadas vistorias na área onde se observou o aparecimento das flores na primeira espécie, nesse momento foi realizados as medidas de estrutura DAB (Diâmetro a Altura da Base) e altura dos indivíduos que apresentou o desenvolvimento de suas flores, o mesmo procedimento foi realizado para as demais. Com o aparecimento das flores pode-se determinar o tempo desde o plantio até sua primeira floração, assim como suas características estruturais DAB e altura.
RESULTADOS:
A espécie Avicennia germinans apresentou a produção de flor em menor tempo, após seu plantio ´passaram 7 meses e 6 dias com um DAB 8,9 mm e altura 67 cm , seguida pela espécie Laguncularia racemosa com o tempo de 16 meses e 2 dias com DAB 14,5 mm altura 184 cm. Por fim a Rhizophora mangle, sendo a espécie que levou maior tempo para florir 19 meses e 12 dias com um DAB 21,5 mm altura 87 cm. A espécie Avicennia germinans por não possui estruturas de fixação tão complexas quanto os reóforos e está em menor quantidade por cova, apenas 3, pode se demandar maior esforço a de energia para sua reprodução, levando menor tempo para sua floração. Devido o grande número de indivíduos por cova a espécie Laguncularia racemosa gastou mais energia com seu crescimento do que com sua reprodução uma vez que estavam em grupo de 7 indivíduos que eram o número de propágulos por saco, a Rhizophora mangle apresentou um desenvolvimento mais lento que as demais e o maior tempo para florir. Um melhor entendimento destas respostas é crucial para prever o funcionamento, em longo prazo, da dinâmica e de estabilidade de um ecossistema. Mudanças interanuais na temperatura e precipitação podem influenciar profundamente os padrões fenológicos, como o período de crescimento e a taxa de acumulação da biomassa.
CONCLUSÃO:
A espécie Avicennia germinans, demostrou melhor resposta aos fatores ambientais, pois floriu em menor tempo e menor desenvolvimento estrutural, mostrando ser uma espécie que se estabelece rapidamente em um ambiente favorável ao seu desenvolvimento. A espécie Laguncularia racemosa levou mais que o dobro do tempo para sua floração e também obteve melhor desenvolvimento até esse momento acontecesse, o que nos mostra ser uma espécie que compete entre se para se estabelecer, aproveitando do seu desenvolvimento para poder florir. A espécie Rhizophora mangle, busca primeiro se estabelecer, desenvolver suas raízes escoras (rizóforos), para poder então, iniciar seu processo reprodutivo, o que consequente demanda mais tempo que as outras espécies estudadas. O desafio do desenvolvimento sustentável se interpõe entre a manutenção dos ecossistemas com suas funções e o desenvolvimento sócio-econômico de uma maneira conciliadora e integrada. Para que a sustentabilidade seja uma prática, é necessário um conhecimento amplo dos ecossistemas, tanto em sua base de estrutura e função, quanto nas suas alternativas de manejo.
Palavras-chave: Manguezal, Fenologia, Recuperação.