64ª Reunião Anual da SBPC |
H. Artes, Letras e Lingüística - 5. Semiótica - 1. Semiótica |
A MORTE DE JOÃO PESSOA E A REVOLUÇÃO DE TRINTA NO FOLHETO DE CORDEL: CONFLITO E PODER |
Nélson Barbosa de Araújo 1 Maria de Fátima Barbosa de Mesquita Batista 2 |
1. Programa de Pós-Graduação em Letras - UFPB 2. Profa. Dra./Orientadora – Programa de Pós-Graduação em Letras - UFPB |
INTRODUÇÃO: |
Este trabalho constitui uma análise semiótica, do ponto de vista da sociossemiótica e da semiótica das culturas, do folheto de cordel A morte de João Pessoa e a Revolução de 30, inserindo-o no episódio da guerra de Princesa. Essa guerra, cuja história oficial omitiu os fatos em detrimento de uma oligarquia dominante, alterou o comportamento psicossocial, econômico e cultural da Paraíba, acionou a queda do presidente da República e teve repercussão na América do sul, na Europa e nos Estados Unidos, chegando a ocupar uma coluna e meia na página principal da Revista Times, de Chicago. Em virtude das peculiaridades desse trabalho, escolhemos aqueles conteúdos que explicam ou que têm relação com os episódios mais destacados por Luiz Nunes Alves, autor desse folheto. |
METODOLOGIA: |
Analisamos o corpus do ponto de vista da semiótica de linha francesa, em especial um de seus ramos, ou seja, a semiótica das culturas, com base, sobretudo nos trabalhos de Pais (1999) e Batista (2001). Isso com a finalidade de obter uma melhor interpretação da história, apoiando-se na voz do povo partícipe desse movimento bélico. |
RESULTADOS: |
Observamos que o conflito mais importante da narrativa se estabelece entre a oligarquia dos coronéis (conservadora) e o partido liberal que queria a modernização. Esta imposta e autoritária, feita desordenadamente, sem educação para a população permitiu caracterizar, a princípio, a cultura em estágio de ordem segundo a proposta de Pais, culminando com o estágio de barbárie com a morte da autoridade delegada. |
CONCLUSÃO: |
Após realizar as análises e conferir os resultados, observamos que o enunciador-narrador constitui um sujeito dialético e, em decorrência disso, elabora uma narrativa longa e complexa. É dialético porque, de um lado, assume a postura de homem da lei, inserido na elite dominante. Enquadra-se no perfil daqueles que defendem a Ordem e o Progresso. Assume compromisso de defender João Pessoa e, evidentemente, os liberais. Mas, de outro lado, emerge de sua obra a identidade sertaneja que, por assim dizer, rouba o espetáculo quando colhida por um enunciatário/leitor um pouco mais atento. Há outras passagens em que o enunciador afirma que não sabe, mas, depois afirma o que sabe, muitas vezes, recorrendo a recursos auxiliares como metáforas, expressões populares, arcaísmos, termos que parecem bizarros, mas que explicam questionamentos, tudo isso, em desfavor do homenageado. |
Palavras-chave: Semiótica, Guerra de Princesa, Literatura Popular. |