64ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 5. Sociologia Rural
A MULHER NA LUTA PELA TERRA NO MÉDIO MEARIM: NOVAS CONSTRUÇÕES IDENTITÁRIAS E TRAJETÓRIAS SOCIAIS.
Ravena Araujo Paiva 1
Cindia Brustolin 2
1. Universidade Federal do Maranhão
2. Profa.Dra./ Orientadora-Universidade Federal do Maranhão
INTRODUÇÃO:
No presente trabalho apresentam-se resultados da pesquisa: “Mulheres em cena: Gênero, identidade e lutas no meio rural maranhense” (CNPQ).
A pesquisa centrou-se na reflexão sobre o engajamento de mulheres da área rural do Médio Mearim na luta pela terra. As mulheres atuaram decisivamente nas conquistas territoriais obtidas na década de 1980. No processo de luta ao qual estiveram presentes engendraram-se novas estratégias de enfrentamento e foram estabelecidas novas redes sociais. As mulheres passaram de um espaço de relações mais restrito as famílias e ao ambiente comunitário para relações com pastorais, sindicatos e outros movimentos sociais. Toda a inserção política permitiu a construção de novas trajetórias sociais.
Demonstrando assim que o conflito mencionado não se restringe somente a violência, abordagem recorrente na bibliografia sobre tema, mas também a um momento de construção de novas identidades sociais e políticas
METODOLOGIA:
O trabalho foi realizado a partir da revisão bibliográfica sobre as disputas territoriais na região do Médio Mearim e na atuação das mulheres nesse processo. Fez-se uma discussão teórica envolvendo as noções de gênero, de trajetória, identidades e memória social.
Os trabalhos de campo compreenderam entrevistas semi-estruturadas com lideranças ligadas a Associação em Áreas de Assentamento no estado do Maranhão (ASSEMA) e ao Movimento Interestadual das Quebradeiras de coco babaçu(MIQCB), principalmente, com moradores e moradoras das comunidades: São José dos Mouras ( Município de Lima Campos), Ludovico (Município de lago do Junco) e Santana dos Guerras (Município de São Luís Gonzaga).
RESULTADOS:
Nas falas de trabalhadores e trabalhadoras rurais que vivenciaram o processo de luta pela terra em algumas comunidades do Médio Mearim é recorrente a menção da participação da mulher como indispensável à conquista da terra. Segundo estes trabalhadores no trabalho de divisão das atividades durante o conflito, a mulher assume a tarefa de permanecer na comunidade. Enquanto seus respectivos companheiros permaneciam escondidos no mato.

Por inúmeras vezes foram elas que empreenderam negociações com pistoleiros mesmo vulneráveis à violência física e psicológica, numa tentativa cotidiana de não perderem sua terra.
A assunção desse papel possibilitou às mulheres dessas comunidades a construção de novas identidades sociais que incorreram na maioria dos casos na construção de trajetórias políticas, assim o contexto da luta pela terra constituiu-se em um momento de novas configurações políticas e ideológicas impulsionadas pelas discussões e sociabilidades que a luta daquele momento exigia.
CONCLUSÃO:
No Brasil um importante processo de luta sociais vem se constituindo em estratégia de conquista da terra por trabalhadores e trabalhadoras rurais, ao mesmo tempo, em que se configura num processo de resistência ao modelo fundiário dominante, em um movimento que é corroborado pela inexistência de uma política agrária eficaz enquanto política estatal. Assim, o acesso a terra tem sido mediado por violência, enfrentamentos, por vezes, mortes.
Nesse processo de enfrentamento homens e mulheres organizam sua luta, definindo estratégias que possibilitam a estas a construção de novos espaços e a ocupação de outros.
Palavras-chave: Luta pela terra, Mulher, Identidade.