64ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 5. História - 11. História
REPRESENTAÇÕES DA VIOLÊNCIA NO JORNAL O IMPARCIAL DA DÉCADA DE 1980
Ellen Naianne da Silva Cantanhede 1
Regina Helena Martins de Faria 1, 2
1. Universidade Federal do Maranhão
2. Profa. Dra. - Orientadora - Depto de História - UFMA
INTRODUÇÃO:
Hodiernamente uma das questões mais complexas do campo da segurança pública, a violência constitui-se em tema privilegiado do meio midiático. Como importante produtora de discursos, a mídia constrói e difunde concepções acerca da problemática, podendo até mesmo intensificar o sentimento de insegurança da população. Dessa forma, o presente trabalho objetiva analisar como uma das mais antigas mídias impressas da cidade de São Luís, o jornal “O Imparcial”, apresentava a violência na década de 1980.
METODOLOGIA:
Foi necessário, para tal fim, o uso da noção de representação desenvolvida por Roger Chartier, uma vez que no jornal estão expressas as interpretações que os articulistas formam sobre esta realidade social. Além disso, não nos limitamos somente ao conteúdo das notícias, percebendo também a materialidade em que elas estão dispostas. Seguindo Chartier e a historiadora Tania Regina de Luca, atentamos para os suportes de destaque e para as ilustrações que acompanham as reportagens, os quais detêm ampla gama de sentidos. Outros cuidados foram direcionados às relações que os articulistas do periódico apresentavam quanto ao contexto em que estavam inseridos, aos demais discursos circulantes no meio e às distintas formas de recepção do público.
RESULTADOS:
Neste contexto, a década de 1980 apresenta uma particularidade no que concerne à questão da violência: a percepção de sua complexidade, devido ao aumento da criminalidade, fez com que se tornasse uma das maiores preocupações do período. A violência, segundo a antropóloga Alba Zaluar, transformava-se em problema nacional e social. Desse modo, através da análise do jornal “O Imparcial”, percebemos a atribuição de significativo destaque à problemática, que possuía uma página exclusiva em seu caderno. Diversas reportagens sobre o assunto inserem-se no que Sérgio Adorno e Cristiane Lumin denominam de “espetáculo da violência”, caracterizado pelo uso de títulos chamativos, fotos impactantes e narrativas folhetinescas. Esse tom dramático de determinadas notícias é acentuado ainda por outra representação expressa no periódico. Trata-se do que optamos por chamar de “ideologia de tempos de paz”, ou seja, a ideia de que a violência corresponde a algo em constante ascensão e que, por isso, encontramo-nos em um presente de desordem e caos, destoante de um passado harmonioso e pacífico.
CONCLUSÃO:
Portanto, nas representações do jornal “O Imparcial” de 1980, podemos perceber uma “dramatização da violência”, com narrativas que apresentam uma espécie de conflito entre o bem e o mal. Ademais, a partir da noção de crescimento da problemática, nota-se no periódico uma busca pelos motivos que estariam causando este acirramento. O despreparo dos aparatos de segurança, a ineficácia da polícia e as transformações socioeconômicas pelas quais passava o Maranhão estavam entre as justificativas expostas no jornal.
Palavras-chave: Violência, O Imparcial, Década de 80.