64ª Reunião Anual da SBPC

G. Ciências Humanas - 7. Educação - 2. Currículo

CURRÍCULO CIENTÍFICO E FORMAÇÃO DE VALORES – A REPRESENTAÇÃO DE PROFESSORES E PAIS DE ALUNOS SOBRE ATIVIDADES COMPLEMENTARES NA ESCOLA ATRAVÉS DO PROGRAMA MAIS EDUCAÇÃO EM JABOATÃO DOS GUARARAPES / PE

Romualdo Ataíde Cavalcanti 1,2

1. Prof. Esp. Secretaria Executiva de Educação - PMJG 2. Coordenação de Ensino Fundamental, SEE/PMJG, Jaboatão dos Guararapes / PE

INTRODUÇÃO:

Os temas em torno do currículo escolar ganha renovado destaque no interior da discussão educacional na medida em que a ideia de educação integral e o ressurgimento das escolas de tempo integral tomam corpo em nossos dias, especialmente no âmbito de políticas públicas educacionais nas três esferas de governo em nosso país. A ampliação da jornada escolar dos alunos remete de imediato à ampliação curricular e, daí, se abre um leque de questões, dentre as quais se destaca a correlação entre as dimensões científica e ética do currículo. Assume-se aqui a compreensão de que à escola não cabe apenas socializar o conhecimento, mas correlaciona-lo com a realidade social, com os preceitos éticos que a conformam. O estudo tem o objetivo de demonstrar que a ampliação cultural, social, esportiva e tecnológica do currículo, tal como ocorre no Programa Mais Educação, favorece a formação de valores e que isto se configura positivamente na representação de professores e pais de alunos. A pesquisa é parte de uma avaliação do aproveitamento pedagógico dos alunos no referido programa e tem como universo pesquisado 10 das 57 escolas do município de Jaboatão dos Guararapes/PE. Os dados foram coletados no final do ano letivo, tendo como referência a experiência de ampliação curricular em 2011.

METODOLOGIA:

Foram analisadas as respostas de 23 professores e 36 pais de alunos a questionários avaliativos sobre a participação dos alunos e filhos no Programa Mais Educação de 10 escolas municipais. Aos dois segmentos propomos que avaliassem se perceberam alguma mudança nos alunos e filhos após suas vivências de currículo ampliado na escola; aos professores solicitamos adicionalmente que registrassem se ocorreram mudanças nos seus alunos, individualmente, em relação à aprendizagem de conteúdos, comportamento, organização e disciplina, e participação nas atividades escolares; os pais responderam adicionalmente sobre o que acham do programa. Obtivemos respostas sobre 54 alunos de 23 turmas do 1º ano à 8ª série das 10 escolas: 12 professores avaliaram as mudanças em suas turmas de um modo geral, registrando 31 expressões qualificativas das mudanças; 12 professores avaliaram as mudanças particulares de 40 alunos, e, daqui, foi destacada uma expressão qualificativa da mudança para cada aluno e para cada categoria; e, 36 pais avaliaram o programa e as mudanças que perceberam nos filhos, onde foram identificadas três rubricas que reúnem todas as respostas. Os dados foram tabulados e rubricados nas respectivas categorias e estabelecido índices de frequência de um mesmo sentido das expressões.

RESULTADOS:

Esta análise nos revela que todos os professores e pais dos alunos consideram que a ampliação curricular contribui para mudanças positivas relativas ao aproveitamento escolar dos alunos. Na avaliação dos professores em relação às suas turmas, estas mudanças correspondem a “melhor aprendizagem” (12,9%), “maior participação” (54,8%), “melhor comportamento” (25,8%) e “mais agressivos ou dispersos” (6,4%). Quanto às mudanças particulares dos alunos, os professores consideram que houve mudanças da seguinte ordem: em relação à “aprendizagem dos conteúdos” 57,5% ‘melhorou a aprendizagem’, 22,5% ‘melhorou o interesse e atenção’, 7,5% ‘melhoraram da timidez’ e 12,5% ‘não melhoraram’; quanto ao “comportamento em sala”, 77,5% ‘melhorou ou manteve bom comportamento’ e 22,5% ‘não melhorou’; a “organização e disciplina” dos alunos ‘melhoraram’ em 67,5% dos alunos avaliados e em 25% ‘não melhorou’ (03 alunos não foram avaliados nesta questão – 7,5%); e, finalmente, quanto à “participação” 87,5% ‘melhorou ou manteve boa participação’ e 7,5% ‘não melhoraram’. Para os pais, o programa proporcionou “mais disciplina, organização e melhor comportamento” (42,8%), “melhoria na aprendizagem” (40%) e “mais responsabilidade e interesse pela escola” (37,1%).

CONCLUSÃO:

O que se destaca nesta análise é a proeminência da formação de valores no aproveitamento escolar dos alunos como resultado da ampliação cultural, social, esportiva e tecnológica do currículo. As mudanças registradas pelos sujeitos pesquisados no que diz respeito a uma evolução da aprendizagem é bastante significativa (57,5% para os professores e 40% para os pais), mas, excluídos os índices negativos registrados pelos professores, temos que 80,6% das expressões discentes quanto à mudança de suas turmas com a participação no programa, revelam “maior participação” e “melhor comportamento”. Em relação às mudanças particulares dos alunos não é diferente, pois 77,5% dos alunos melhoraram ou mantiveram o comportamento em sala de aula, 67,5% melhoraram a organização e disciplina e 87,5% melhoraram ou manteve boa participação. Para os pais dos alunos a avaliação é semelhante: 79,9% dos filhos passaram a ser mais disciplinados, organizados, comportados e mais responsáveis e interessados pela escola. Isto revela nitidamente que na representação dos professores e dos pais dos alunos o melhor da ampliação curricular se dá na esfera dos valores, no campo ético. Como é possível perceber na expressão do pai de um aluno, “Com certeza, pois ele ficou mais esperto... ter companheirismo com os colegas de classe... Para mim foi muito importante, pois eu como pai consegui tirar ele da rua”.

Palavras-chave: Educação Integral, Currículo, Representações.