64ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 4. Fitotecnia
RELAÇÕES HÍDRICAS EM DUAS VARIEDADES DE CANA-DE-AÇÚCAR CONTRANSTANTES QUANTO A TOLERÂNCIA À SECA SUBMETIDAS A ESTRESSE POR SUPRESSÃO HÍDRICA DE CURTA DURAÇÃO
Hugo Henrique Costa do Nascimento 1
Marcos Oliveira de Moraes 2
Djalma Eusébio Simões Neto 3
Marcelo Menossi Teixeira 4
Marcos Silveira Buckeridge 5
Rejane Jurema Mansur Custódio Nogueira 6
1. Depto. de Ciência Florestal – Universidade Federal Rural de Pernambuco-UFRPE
2. Centro de Ciências Biológicas - Universidade Federal de Pernambuco-UFPE
3. Estação Experimental de Cana-de-açúcar do Carpina (EECAC) – UFRPE
4. Depto. de Genética, Evolução e Bioagentes – UNICAMP
5. Instituto de Biociências - USP
6. Depto. de Biologia – UFRPE; Bolsista de produtividade – CNPq
INTRODUÇÃO:
A seleção de novas variedades de cana-de-açúcar com potencial produtivo para cultivo em áreas não tradicionais vem se acentuando em virtude da necessidade da produção de combustíveis menos poluentes. Nesse processo, encontrar variáveis fisiológicas que sirvam de indicadores para a seleção de variedades aptas a se desenvolver em áreas onde é praticada irrigação ou em áreas onde as condições de seca não podem ser evitadas, torna-se imprescindível. Uma vez que facilita a seleção de variedades tolerantes aos diversos estresses ambientais, podendo assegurar uma melhor produtividade no futuro. De maneira geral, a deficiência hídrica tem efeito em diversos processos fisiológicos das plantas, visto que à seca diminui o potencial hídrico e o teor relativo de água das folhas, reduzindo assim a manutenção do status hídrico do vegetal. Portanto, é função da Fisiologia Vegetal determinar variáveis sensíveis a quaisquer mudanças fisiometabólicas que possam indicar tolerância a estresse hídrico. Diante dos fatos supracitados, o presente trabalho objetivou avaliar as relações hídricas de duas variedades (RB72454 e RB92579) de cana-de-açúcar submetidas a estresse por supressão hídrica de curta duração.
METODOLOGIA:
O experimento foi conduzido na casa de vegetação do Laboratório de Fisiologia Vegetal da UFRPE, utilizando-se vasos contendo 13 kg de solo procedente da EECAC-UFRPE. Adotou-se um arranjo fatorial composto por duas variedades de cana-de-açúcar (RB72454 – sensível à seca e RB92579 – tolerante à seca), três tratamentos hídricos (rega diária (RD), supressão hídrica (SH) e reirrigação (R) e três épocas de avaliação após a aplicação dos tratamentos (48h, 72h e 96h) com quatro repetições. A diferenciação dos tratamentos hídricos ocorreu 90 dias após o transplantio. O potencial hídrico foliar (ψf) foi determinado mediante uso de uma câmara de pressão de Scholander em dois horários de avaliação: antemanhã (4 h, am) e meio-dia (12 h, md). Utilizando-se das mesmas folhas usadas no ψf, determinou-se Teor Relativo de Água (TRA) com discos foliares de área conhecida e calculado conforme a metodologia de Weatherley (1950). Feitas as análises, todas as plantas foram irrigadas e, 24h após cada época de avaliação, as avaliações de ψf e TRA foram repetidas para a verificação da recuperação do status hídrico das plantas submetidas a SH. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas entre si pelo teste de Tukey (P<0,05) utilizando o software ASSISTAT 7.6.
RESULTADOS:
As variedades não apresentaram diferenças estatísticas quando cultivadas sob condição hídrica favoráveis, no entanto após 72h de submissão ao estresse a RB92579 apresentou reduções no ψf na ordem de 41% para o ψf am e 84% ψf md. Às 96h, essas reduções são intensificadas atingindo valores de 68% para o ψf am e 180% ψf md. Para o TRA, essas reduções só foram observadas após 96h de exposição ao estresse, quando a RB92579 reduziu em 15% o ψf am e 7% ψf md em relação a RB72454. Quando reirrigadas diferenças foram observadas entre elas, sendo que a RB72454 recuperou-se mais rapidamente do que a RB92579. Em relação aos tratamentos estudados, constatou-se que após 96h de supressão hídrica o ψf da RB92579 mostrou-se mais sensível, assumindo reduções de 400% no ψf md, enquanto que na RB72454 essa redução foi de 64%. Para o TRA, essas reduções foram observadas a partir de 72h de SH onde a RB92579 reduziu em 13% am e 18% md e a RB72454 reduziu 18% am e 14% md. Às 96h essas reduções mais intensas sendo de 18% am e 27% md para a RB92579 e de 11% am e 16% md para a RB72454. Após a reirrigação, verificou-se que a RB72454 se recupera mais rapidamente do que a RB92579, não apresentando diferenças significativas entre os tratamentos R e o controle nas variáveis estudadas.
CONCLUSÃO:
Em suma, conclui-se que dentre as variáveis estudadas o potencial hídrico foliar foi mais eficiente para avaliação de sensibilidade ao estresse hídrico em cana-de-açúcar. Com relação às variedades estudadas, ambas sofreram injúrias perceptíveis quando submetidas à supressão hídrica. Porém, a RB92579 mostrou-se menos eficiente na manutenção do status hídrico. No entanto, caso a condição hídrica do solo seja restabelecida, as variedades de cana-de-açúcar do presente estudo podem ser recuperar rapidamente de um estresse hídrico de curta duração.
Palavras-chave: Saccharum spp., Deficiência hídrica, Status hídrico.