64ª Reunião Anual da SBPC |
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 1. Ciência do Solo |
COMPOSIÇÃO MINERAL E SINTOMAS VISUAIS DA DEFICIÊNCIA DE NUTRIENTES EM PLANTAS DE IPECA Cephaelis ipecacuanha A. Richard |
Amarildo Lima da Silva Junior 1 Izabel Cristina Alves Batista 1 Vanessa Fernandes e Silva 1 Jessivaldo Rodrigues Galvão 1, 2 |
1. Universidade Federal Rural da Amazônia 2. Prof. Dr./ Orientador - Instituto de Ciências Agrárias - UFRA |
INTRODUÇÃO: |
A Cephaelis ipecacuanha A. Richard ou ipeca conforme denominações populares é uma planta medicinal nativa da Amazônia, herbácea, da família Rubiaceae. No Brasil as populações ocorrem naturalmente em alguns estados como: Pará, Rondônia e Amazonas (Assis 1993). O uso farmacológico da ipeca está ligado à presença de dois alcalóides em suas raízes: a emetina e a cefalina, que conferem à planta um poder emético e amebicida (Vieira 1991). A comercialização deste produto se dá através das raízes secas ou extrato fluído, e ocorre entre os produtores e os farmacêuticos do país, sendo o seu potencial de mercado estimado em US$ 5 milhões (Lameira 2002). A ipeca está ameaçada de extinção, por sua exploração indiscriminada e por seu longo tempo de germinação, tornando imprescindível a domesticação da espécie através do desenvolvimento de pesquisas, dentre as quais a nutrição com vista à formação de um sistema de produção sustentável, pois a maioria dos trabalhos desenvolvidos sobre ipeca está relacionado aos estudos farmacológicos, e deixa lacunas no que se refere à suas exigências nutricionais. O objetivo deste trabalho foi caracterizar sintomas de deficiências de nutrientes, assim como a composição mineral de plantas de ipeca. |
METODOLOGIA: |
O trabalho foi realizado em casa de vegetação da Embrapa Amazônia Oriental, em delineamento de blocos ao acaso, 8 tratamentos e 4 repetições: Completo (N, P, K, Ca, Mg, S e micronutrientes) e com omissão individual dos macronutrientes e do B. As mudas de Ipeca obtidas por meio de micropropagação in vitro ao atingir 5 cm de altura foram selecionadas e transplantadas aos vasos plásticos de 2 L contendo sílica esterilizada do tipo zero grossa, pintados externamente com tinta aluminizada para diminuir a passagem da luz. A solução nutritiva diluída em 1:15, testada inicialmente, com pH de 5,5 foi fornecida por percolação nos vasos diariamente, drenada a tarde (15 h) e irrigada pela manhã (9 h), renovada a cada 15 dias. Os tratamentos foram iniciados 6 meses após o transplantio devido ao crescimento lento da Ipeca. Os sintomas de deficiência foram descritos até completa definição quando as plantas foram coletadas para separar raízes e parte aérea, depois de seca em estufa foram moídas em moinho tipo Willey para análise química dos tecidos vegetais. Foram determinados os teores foliares dos macronutrientes e avaliados os variáveis teores dos mesmos e do B. Os dados obtidos foram analisados estatisticamente através do SAS com médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. |
RESULTADOS: |
As plantas com omissão de N manifestaram os sintomas de deficiência 60 dias após iniciado o tratamento apresentando folhagem reduzida e coloração amarelada; A deficiência de P manifestou após 90 dias apresentando uma coloração verde escura brilhosa nas folhas mais velhas; A falta de K foi inicialmente caracterizada pela clorose nas folhas mais velhas, e redução no desenvolvimento radicular em relação ao tratamento completo; A ausência de Ca promoveu deformações em folhas novas que se enrolam para face inferior em forma de cocha; Os primeiros sintomas de carência de Mg foram observados 100 dias após iniciado os tratamentos e se caracterizou por uma leve clorose entre as nervuras secundarias das folhas mais velhas; Os sintomas de deficiência de S foram observados 100 dias após iniciado o tratamento apresentando coloração verde-clara nas folhas mais novas e redução no tamanho das folhas, posteriormente clorose generalizada, necrose e desfolhamento total da planta; A ausência de B apresentou folhas novas verde-pálida, reduzidas com deformação e engrossamento do limbo foliar e morte da gema apical. A omissão individual de macronutrientes e B reduziu o teor foliar desses minerais quando comparado ao completo, obtendo a seguinte ordem decrescente de teor foliar: N > K > Ca > P = Mg > S. |
CONCLUSÃO: |
As omissões de N, P, K, Ca, MG, S e B na solução nutritiva promovem a ocorrência de sintomas visuais característicos de deficiência em plantas de ipeca com redução no teor foliar desses nutrientes. Em solução nutritiva, os sintomas visuais de deficiência dos micronutrientes (g kg-¹) e do micronutriente B (mg kg-¹) se manifestam com os seguintes teores foliares: N 10,90 ; P 0,97 ; K 1,22 ; Ca 4,07 ; Mg 1,67 ; S 1,72 e B 36,97. |
Palavras-chave: Plantas Medicianais, Ipeca, Deficiência de nutrientes. |