64ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 6. Ciência Política - 4. Políticas Públicas
EDUCAÇÃO DO CAMPO E COMUNIDADES TRADICIONAIS: reflexões acerca das percepções e contradições da educação no espaço rural do Médio Mearim maranhense
Francisco Helson do Carmo Alcantara 1
Márcia Sousa da Silva 1
Jaine Moraes Moura 1
Verônica da Silva Sousa 1
Luciana Matias de Sousa 1
Jaidson da Silva Vieira 1
1. Departamento de Educação-UFMA
2. Departamento de Educação-UFMA
3. Departamento de Educação-UFMA
4. Departamento de Educação-UFMA
5. Departamento de Educação-UFMA
6. Departamento de Educação-UFMA
INTRODUÇÃO:
O presente trabalho é resultado da pesquisa realizada no curso de Pedagogia da Terra do Programa Nacional de Educação nas Áreas de Reforma Agrária - PRONERA/UFMA/MST/ASSEMA. Tem como objetivo compreender, à luz do materialismo histórico dialético, as interfaces das percepções e contradições do modelo de educação nas comunidades tradicionais do Médio Mearim, realizada nos municípios de Lago do Junco, Esperantinópolis e Lima Campos. Tem-se como finalidade identificar como os sujeitos engajados nas comunidades percebem e representam os elementos ligados ao processo de ensino aprendizagem. Partimos do pressuposto de que a educação no Brasil, historicamente esteve atrelada aos interesses da classe burguesa e que a educação no campo tem se ancorado nos fundamentos desenvolvimentistas da educação rural, caracterizando várias escolas. Este trabalho mostra-se importante por contribuir dialeticamente para uma análise coletiva dos sujeitos históricos envolvidos pela problemática, sugerindo um debate acerca da educação em comunidades rurais, bem como as contradições existentes.
METODOLOGIA:
Parte-se do materialismo histórico - dialético para compreender as interfaces e complexidades das percepções e contradições no âmbito da educação nas comunidades tradicionais do Médio Mearim. Para a elaboração deste trabalho foi realizada investigação de campo, diálogos formais e informais com partes do corpo docente e discente das escolas, bem como informantes das referidas localidades, embasando-se em questões norteadoras que fundamentaram o processo de pesquisa-ação, realizada no ano de 2011 nas comunidades: Ludovico e Alto da Paz no município de Lago do Junco; Jenipapo, Bom- Princípio e Sumaúma no município de Esperantinópolis; São José dos Mouras, município de Lima Campos. Este trabalho partiu de atividades pedagógicas multidisciplinares e teve como referência os estudos presenciais relacionados aos estágios curriculares realizados nas escolas do campo. A segunda referência foi os estudos textuais com base na obra de Rios (1997) intitulada Ética e Competência; Freire (1996) Pedagogia da Autonomia; Caldart (2010) Por Uma Educação do Campo; Ribeiro (2010) Movimento Camponês, Trabalho e Educação: Liberdade, Autonomia, Emancipação: Princípios/fins da Formação Humana. Todas estas obras compõem a fundamentação teórica dessa investigação científica.
RESULTADOS:
A educação vivenciada na região do Médio Mearim maranhense, historicamente, segue os padrões estabelecidos pela educação burguesa. O processo de educação desenvolvido na região não leva em consideração as particularidades locais. A forma como esta tem sido e vem sendo implementada é percebida, de maneira geral pelas comunidades tradicionais, as quais questionam e problematizam elementos importantes do processo ensino-aprendizagem, como: relação professor-aluno verticalizada, metodologia usada pelos professores sendo de forma tradicional, uma formação fragmentada, os materiais didáticos descontextualizados da realidade local. Esse modelo apresenta-se na perspectiva de ensino rural, o qual se caracteriza por um método propedêutico de ensino voltado para a subordinação da emancipação humana. Constatou-se que, apesar de problematizarem questões relevantes, de forma geral, as comunidades não identificam as causas mais profundas as quais afetam a qualidade da educação oferecida e não percebem que os entraves estruturais do próprio modo de produção capitalista é que determinam tal contexto. A educação tem sido negligenciada no campo, havendo uma precarização das condições de ensino, de formação e qualificação profissional dos professores e estrutural das escolas.
CONCLUSÃO:
As comunidades tradicionais do Médio Mearim relatam os problemas vivenciados diariamente na rotina escolar, porém sem identificar a precarização do ensino. O que demonstra que esses problemas não são evidentes para a comunidade, o que refletimos como parte integrante da montagem de uma ideologia acerca da educação brasileira que mascara os problemas que esta vem enfrentando. A política educacional brasileira sempre esteve moldada pelo sistema hegemônico, sem contribuir para emancipação da população do campo, pois esta é oferecida de maneira fragmentada, colaborando assim, para o afastamento do sujeito do campo da compreensão de sua realidade concreta. As políticas de educação rural, construídas junto a ideologia da classe dominante, tinham como intuito qualificar a mão de obra para suprir as necessidades do capital, sem considerar a população do campo como sujeito histórico. Assim, a educação que vem sendo oferecida, principalmente no campo, é voltada para o interesse do capital, mediado pelo Estado, privando esses indivíduos de uma educação de qualidade e que leve em consideração a sua realidade
Palavras-chave: Educação do campo, Percepção, Comunidades tradicionais.