64ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 3. Saúde de Populações Especiais
SOROPREVALÊNCIA DA INFECÇÃO DO VÍRUS DA HEPATITE B EM UMA COMUNIDADE QUILOMBOLA DO INTERIOR DO MARANHÃO.
Ilka Kassandra Pereira Belfort 2
Jomar Diogo Nunes 2
Israel Higino de Sousa 2
Maurício Avelar Fernandes 3
Wandson Rodrigues de Sousa 3
Sally Cristina Moutinho Monteiro 1
1. Professora Doutora/Orientadora Departamento de Farmácia - Universidade Federal do Maranhão
2. Programa de Pós-Graduação em Saúde Materno Infantil – Universidade Federal do Maranhão
3. Departamento de Farmácia - Universidade Federal do Maranhão
INTRODUÇÃO:
Apesar da existência de uma vacina eficaz, as infecções causadas pelo vírus da hepatite B (HBV) constituem grave problema de saúde pública mundial. Segundo a Organização Mundial da Saúde, dois bilhões de pessoas já tiveram contato com o HBV e 350 milhões tornaram-se portadores crônicos. A maioria dos indivíduos infectados concentra-se em determinadas áreas geográficas, como, o Sudeste Asiático, a África Central e a região Amazônica, onde a prevalência de marcadores sorológicos do vírus varia de 10% a 95%. Estudos epidemiológicos realizados em diferentes partes do mundo mostram que as características da população, as condições sanitárias, estilo de vida, higiene, riscos e fatores socioeconômicos estão relacionados com as variações na frequência e prevalência de infecção pelo HBV. Há alta prevalência de marcadores de infecção por HBV em algumas comunidades de quilombos no Brasil (42,4% para anti-HBc e 7,4% para HBsAg). Além disso, a história familiar de hepatite e atividade sexual estão estatisticamente associadas com a infecção pelo HBV nesta população. Desta forma, o presente estudo tem como objetivo estimar a prevalência do marcador de Hepatite B (HBsAg) em uma Comunidade Quilombola do interior do Maranhão.
METODOLOGIA:
Tratou-se de um estudo transversal, descritivo. O grupo considerado, neste trabalho, foram pessoas maiores de 18 anos, que residem na comunidade remanescente registrada de quilombo Boca da Mata e que aceitaram participar da pesquisa. O critério de exclusão foi a não aceitação em participar da referida pesquisa, ser menor de idade e não pertencer ao grupo remanescente do quilombo. Os sujeitos arrolados para compor a amostra foram submetidos à coleta de sangue na Unidade Básica de Saúde de Mutirão, localizada na área do assentamento. Toda etapa de coleta e processamento do material biológico seguiu as normas de biossegurança em saúde e a Norma Regulamentadora Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde – NR32. O material biológico dos sujeitos da pesquisa foi devidamente codificado e analisado laboratorialmente para determinação da presença ou não do HBSAg (reagente ou não reagente). A técnica para análise laboratorial foi eletroquimioluminescência (analisador COBAS 6000).
RESULTADOS:
Participaram deste estudo 44 indivíduos adultos (29 mulheres e 15 homens) pertencentes à Comunidade Quilombola Boca da Mata, com média de idade de 40,2 anos. A positividade para o marcador sorológico HBsAg foi de 45,5% (17 mulheres e 3 homens), demonstrando alta taxa de endemicidade (> 5%). A maior prevalência do marcador sorológico nas mulheres (58,6%) indica que estas podem ser mais expostas ao vírus, ou simplesmente representa um viés amostral, em virtude da maior proporção de mulheres que aceitaram participar da pesquisa. Devido à elevada prevalência da Hepatite B na população estudada é importante salientar que o tratamento visa suprimir a replicação viral e reduzir a lesão hepática, prevenindo a evolução para cirrose e carcinoma hepatocelular. Desta forma, a educação em saúde é fundamental, assim como as ações da assistência às hepatites virais no SUS, o qual deve ser realizado de modo integrado, para que os serviços não fiquem restritos ao âmbito municipal, garantindo o acesso do paciente aos recursos necessários para resolução de seu problema, bem como elevar a taxa de vacinação que possui valores muito baixos para esta população (9,1%).
CONCLUSÃO:
A prevalência dos portadores de HBsAg foi de 45,5%, caracterizando uma alta endemicidade para a população estudada, bem como a urgência de atenção e mobilização das equipes de atenção básica de saúde para este problema e necessidade iminente de intervenção e educação.
Palavras-chave: Quilombolas, Hepatite B, Marcadores Sorológicos.