64ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 7. Enfermagem
EVENTOS ADVERSOS NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA DE UM HOSPITAL DA REDE SENTINELA
Isadora Alves Moreira 1
Thatianny Tanferri de Brito Paranaguá 1
Ana Elisa Bauer de Camargo e Silva 1
Ana Lúcia Queiroz Bezerra 2
1. Faculdade de Enfermagem, Universidade Federal de Goiás- UFG
2. Profa. Dra./Orientadora – Fac. de Enfermagem, Universidade Federal de Goiás- UFG
INTRODUÇÃO:
A segurança do paciente é tema discutido mundialmente, exigindo a prestação de uma assistência à saúde de qualidade com o mínimo de riscos. Destacam-se, assim, os eventos adversos, definidos como ocorrências indesejáveis decorrentes do cuidado à saúde, não associados à doença de base e que, obrigatoriamente, resultam em dano ao paciente. Estima-se prevalência de 3-16% de eventos adversos em países desenvolvidos, sendo os resultados imensamente piores e com menores perspectivas de solução nos países subdesenvolvidos. O custo anual decorrente dos eventos adversos chega a U$$ 1,5 bilhões na Grã Bretanha e U$$ 29 bilhões nos EUA. No Brasil, estudo realizado em dois hospitais públicos do Rio de Janeiro apontou gasto de R$ 1.212.363,30.1. A compreensão dos eventos adversos, seu gerenciamento, controle e fatores de risco, permitem à equipe multidisciplinar, o desenvolvimento de ações educativas e subsidia medidas preventivas. Frente a isso, em função da complexidade da assistência prestada em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e visando à construção de indicadores em busca de excelência na assistência à saúde, o presente estudo tem como objetivo analisar o conhecimento dos profissionais de saúde sobre a ocorrência de eventos adversos na UTI de um hospital universitário.
METODOLOGIA:
Estudo do tipo descritivo, exploratório, desenvolvido nas UTIs Médica e Cirúrgica de um Hospital Universitário da Região Centro-Oeste. A população foi constituída por 37 profissionais, sendo 23 da UTI clínica e 14 da UTI cirúrgica, incluindo as seguintes categorias profissionais: médicos, enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem, além de bolsistas, dos turnos diurnos e noturnos. A coleta de dados foi realizada entre janeiro e março de 2011 por meio de entrevista norteada por instrumento estruturado e pré-validado. Os relatos dos participantes foram transcritos em documento do Microsoft Word para formar o corpus de análise, sendo identificados pela letra E, seguido de um número cardinal, conforme a sequência das entrevistas. Os dados quantitativos foram inseridos em planilha eletrônica do programa Microsoft Excel versão 2003. Em seguida foi feita análise descritiva das variáveis categóricas e média para as variáveis contínuas. Os resultados foram apresentados em tabelas e gráficos e discutidos com literatura pertinente.
RESULTADOS:
Participaram 37 profissionais que demonstraram conhecimento superficial e não sistematizado (17; 5,9%) sobre o conceito de evento adverso, não souberam responder, nunca ouviram falar ou se expressaram de forma errônea (20; 54,1%). Foi relatada a ocorrência de 152 eventos durante o tempo de trabalho na UTI, relacionados a sondas, drenos e cateteres, infecção hospitalar e úlcera por pressão. Foram relatadas condutas assistenciais para minimizar o efeito do evento adverso no paciente e, dentre as condutas administrativas 21(13,8%) eventos resultaram em advertência verbal, solicitação de esclarecimento, orientação profissional, comunicação ao supervisor e anotação no prontuário. Como condutas gerenciais, 42(27,6%) eventos motivaram a educação continuada, fiscalização e orientação profissional. Apenas 14(37,8%) profissionais afirmaram comunicar, espontânea e verbalmente, para o supervisor da unidade, a ocorrência do evento. Quanto às medidas preventivas dos eventos adversos em UTI, foi sugerido treinamento, orientação e educação continuada (15; 40,54%), maior segurança e atenção profissional (8; 21,62%) e melhoria da estrutura física e do sistema de informação/comunicação interna da unidade e instituição de saúde (4; 10,81%). Dez (27,02%) profissionais não responderam.
CONCLUSÃO:
Foi evidenciado o conhecimento dos profissionais quanto à ocorrência de eventos adversos na UTI Médica e Cirúrgica, entretanto percebe-se que a maioria desconhece o significado do termo, assim como as formas de comunicação de sua ocorrência. Foi constatada a adoção de medidas preventivas, no entanto, ainda de forma incipiente. Em contrapartida, mostraram interesse em aprender e reconheceram a necessidade da educação continuada para a orientação dos profissionais e redução de riscos. Verifica-se a necessidade de elaborar um instrumento específico para a notificação dos eventos adversos e estimular essa prática entre os profissionais de saúde, visando um sistema de recuperação do evento e o desenvolvimento de uma cultura de segurança, com foco na melhoria contínua da qualidade da assistência à saúde.
Palavras-chave: Iatrogenia, Eventos Adversos, Avaliação de processos e resultados.