64ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 4. Turismo e Hotelaria - 2. Planejamento e Projetos Turísticos
O desenvolvimento sustentável na hotelaria
Alice Ribeiro Assad 1
Mônica Bueno Leme 1
1. Faculdade de Turismo, Hotelaria e Gastronomia - Centro Universitário Senac SP
INTRODUÇÃO:
A palavra sustentabilidade, usada frequentemente nos dias de hoje, apresenta diferentes significados e, por isso, pode comprometer sua utilização. Sachs (1986) defende a idéia de que o conceito de desenvolvimento sustentável é composto por cinco dimensões de sustentabilidade, sendo uma delas a ecológica. Esta é uma das diversas definições que este conceito pode apresentar, porém todos se referem ao mesmo objetivo: usufruir dos recursos naturais disponíveis hoje de tal forma que não comprometa as futuras gerações. Vale destacar que, os conceitos de sustentabilidade e desenvolvimento sustentáveis serem frequentemente discutidos, porque foi constatado pela sociedade que, por meio destas práticas podemos contribuir para a mudança no cenário mundial, seja ele ambiental, econômico ou social. Nesta sentido, é fundamental distinguir a diferença entre o conceito de sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, pois são conceitos que estão interligados e um é a extensão do outro. Isto é porque o primeiro, consiste em ser apenas uma idéia da continuidade do equilíbrio dos recursos naturais de forma sustentável, enquanto o desenvolvimento sustentável é uma prática fundamental para oferecer ao planeta tanto quanto retiramos dele. Ao considerar estas questões, foi observado que o mercado tem buscado por soluções para se adaptar a esta nova tendência de sustentabilidade pois este tornou-se mais exigente em relação a qualidade do hotel, a experiência que pode ser vivida durante a estada.
METODOLOGIA:
Inicialmente foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre os conceitos de sustentabilidade e desenvolvimento sustentável. Autores como, Dresner (2002), Edgell (2007), Sachs (2000), Stabler, Papatheodorou e Sinclair (2010) e Swarbroke (2000) constituem fontes as quais foram consultadas. E ainda, foi feito um levantamento bibliográfico sobre como a hotelaria brasileira se adaptou a mudança do perfil do consumidor e a tendência sustentável, para isso foram consultados pesquisas realizadas pelo SEBRAE e Guia 4 Rodas, além de autoras como Ruschmann e Solha (2003).
A partir deste levantamento de fontes, foi traçado um quadro geral de conceitos, panoramas e discussões a respeito do assunto e foram sugeridos cinco índices de sustentabilidade passíveis de serem aplicados e analisados na operação de hotéis. Neste sentido, tais indicadores foram avaliados e estudados na Pousada Uacari, Tefé, Amazonas e SPA & Resort Unique Garden, Mairiporã, São Paulo.
RESULTADOS:
Os objetos de estudo selecionados, Pousada Uacari em Tefé no Estado do Amazonas e SPA & Resort Unique Garden em Mairiporã no Estado de São Paulo, apresentam características que ora se assemelham ora se diferenciam em diferentes aspectos. De acordo com informações obtidas no questionário “Operação em um hotel sustentável” em relação aos índices financeiros, o SPA&Resort Unique Garden apresenta características mais marcantes, pois apresenta uma taxa de ocupação anual de 78% e uma diária média anual de R$750,00 por pessoa em ocupação dupla. A partir destes dados é possível estimar o valor da receita bruta de hospedagem anual, que resulta em R$5.054.400,00.
Por outro lado a Pousada Uacari, por apresentar um tipo de administração diferenciado, os índices financeiros não são significativos como no SPA&Resort Unique Garden. Porém, segundo o questionário “Operação em um hotel sustentável” a pousada visa uma taxa de ocupação de 40% a 50% ao ano e possui uma diária média anual de R$1.430,00. E ainda, com a margem de lucro obtida anualmente, em 2009 foi possível gerar uma renda média por família de R$ 2.136,00 e entre os anos de 1999 e 2006 foi gerado um lucro de R$631.000,00.
Tendo em vista estes resultados, pode-se considerar que é possível, hoje no Brasil, ter um hotel com características sustentáveis, independentemente do porte do empreendimento ou região. Pois, os objetos de estudo apresentam índices financeiros favoráveis para a manter sua operação.
CONCLUSÃO:
No artigo “Hotéis Ecológicos” publicado na Agenda Sustentável (2010) o autor Jum Butler destaca que as construções com certificação LEED economizam de 30% a 50% em energia, 35% na emissão de carbono, 40% em consumo de água e 70% em dejetos sólidos. Há ainda a informação neste mesmo artigo de que a empresa Energy Star disponibiliza tais benefícios em termos que os hoteleiros possam compreender. Ou seja, com a economia de energia elétrica de 30% a 50%, um hotel de serviços limitados atingiria economias financeiras equivalentes ao aumento da diária média de US$ 1,80 para US$ 3,00, enquanto um hotel de serviços completos teria um aumento de US$ 4,00 para US$ 6,75. E ainda, segundo o portal Estadão (2010), empreendimentos hoteleiros que possuem a mesma certificação LEED apresentam um aumento de 5% a 10% no custo da implantação. Entretanto, há uma redução com gastos operacionais de 40%. Por este motivo, o artigo “Hotéis Ecológicos” publicado na Agenda Sustentável (2010) ressalta que preocupar-se com a sustentabilidade significa avaliar o valor futuro da propriedade, pois empreendimentos ecológicos oferecem um ambiente mais saudável aos hóspedes, funcionários e proprietários, além de custos significativamente baixos de energia, água, lixo e emissões de carbono.Assim, conclui-se que os setores do turismo e hoteleiro no Brasil está em processo de mudança, porém é preciso alinhar o conceito de sustentabilidade ao que é praticado nos empreendimentos hoteleiros.
Palavras-chave: Sustentabilidade, Desenvolvimento Sustentável, Hotelaria.