64ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
FAZ-DE-CONTA: COMPREENDENDO- O EM DUAS CULTURAS
Eliane Cristina Ribeiro 1
Geiva Carolina Calsa 2
1. Graduanda- Universidade Estadual de Maringá- UEM
2. Profa. Dra./Orientadora – Departamento de teoria e prática da educação- Universidade Estadual de Maringá- UEM
INTRODUÇÃO:
Vários estudos evidenciam que as crianças criam a partir de suas vivências, e por meio das brincadeiras de faz-de-conta aprendem e expressam os elementos de sua cultura. Atualmente, porém, percebemos pouca presença do faz-de-conta no âmbito escolar onde, por muitas vezes, é considerada menos importante em relação aos outras disciplinas, ou outros jogos. Partindo desses pressupostos, objetivamos compreender como o faz-de-conta é concebido pelos professores e praticado por crianças em contextos sociais diversos (urbano e rural) e analisar as diferenças culturais que se expressam por meio dessas brincadeiras, bem como seus temas e instrumentos utilizados. Temos revisado em nossos estudos que a cultura tende a influenciar a visão de vida de cada sujeito, sendo assim, as crianças também estão inseridas nesse universo cultural.
METODOLOGIA:
Essa pesquisa é caracterizada como qualitativa e etnográfica e nela realizamos entrevistas individuais e semi-estruturadas com doze crianças, sendo seis meninos e seis meninas de cada local (Jardim Alvorada, localizado em Maringá e Santa Fé do Pirapó, Distrito de Marialva), selecionadas por amostra de conveniência. As entrevistas com as crianças tiveram a duração média de dez minutos nas quais explorávamos por meio de diálogo as brincadeiras de faz-de-conta citadas pelas crianças, a fim de analisarmos posteriormente as diferenças culturais que se expressam por meio dessas brincadeiras, em especial os seus temas. Utilizamos como recurso para registro: gravador, diário de campo e câmera fotográfica. Apresentamos nesse trabalho parte desse estudo e principais resultados obtidos no decorrer da pesquisa sobre a influência da cultura no faz-de-conta de crianças dessas crianças, bem como, a concepção de seus professores (dois de cada local) acerca dessa brincadeira.
RESULTADOS:
Ao iniciarmos a análise das entrevistas vários fatos nos impressionaram, um deles foi o de quase todas as professoras afirmarem a importância do brincar para a aprendizagem, bem como, a falta de formação das mesmas em relação à brincadeira do faz-de-conta. Das quatro professoras, todas afirmam que durante o período de graduação não receberam formação sobre este tipo de atividade. Dividimos a pesquisa em meninos e meninas, não em relação ao gênero, mas às brincadeiras que prevaleciam em suas escolhas. No caso dos meninos, a maioria das menções foi feita a brincadeiras tradicionais de “carrinho” e de “bola. Cabe-nos aqui mencionarmos algumas das especificidades que ocorreu em relação ao jogo de bola, que mostrou-se ser também uma brincadeira de faz-de-conta, nos quais em sua maioria mencionaram que fingem ser jogadores famosos. Dentre os temas citados pelas meninas, podemos perceber, à primeira vista, que um grande número de menções foi feito às brincadeiras mais tradicionais como a de “casinha” e “escolinha”. O princípio destas brincadeiras aparentou ser o mesmo (a mãe que cuida da filha e faz comida e a professora que leciona para a aluna), mas cada menina mostrou uma maneira peculiar de brincar e de imaginar cada situação. No desenvolver da história, especificidades apareceram, como a improvisação de objetos inexistentes para a formação de suas brincadeiras, de maneira que o faz-de-conta manifestou- se de forma constante e ao mesmo tempo individual.
CONCLUSÃO:
As crianças reproduzem em suas brincadeiras elementos do mundo adulto que elas conhecem e os adultos, por sua vez, também estão inseridos em uma cultura, nesse sentido, podemos considerar que as brincadeiras das mesmas são influenciadas pela cultura. Ao analisar os dados constatamos elementos da cultura, da mídia e também do trabalho nas brincadeiras de faz de conta das duas regiões pesquisadas fazendo com que se retirássemos os locais em que as pesquisas foram realizadas, ainda assim eles ficariam evidentes, ou, pelo menos perceptíveis. Concluímos que os elementos de realidade não aparecem nas brincadeiras de faz-de-conta de forma pura, mas se entrecruzam com a imaginação criadora formando um pano de fundo simbólico essencial para a formação da identidade dos sujeitos. Desse modo, podemos afirmar que o sujeito que brinca se insere em uma rede de significantes cujos significados são emprestados da cultura que lhe dá sentido e forma sua identidade
Palavras-chave: faz de conta, cultura, jogo de papéis.