64ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 4. Química de Produtos Naturais
ATIVIDADE ANTICOLINESTERÁSICA DOS EXTRATOS E CONSTITUIENTES ISOLADOS DE FOLHAS DE Maytenus robusta
Jefferson Vieira de Góes 1
Grasiely Faria de Sousa 1
Grácia Divina de Fátima Silva 1
Sidney Augusto Vieira Filho 1
Jacqueline Aparecida Takahashi 2
Lucienir Pains Duarte 3
1. Neplam (Núcleo de Estudo de Plantas Medicinais) – Depto.de Quimica – ICEX/UFMG
2. Laboratório Biotecnologia e Bioensaio – Depto.de Quimica – ICEX/UFMG
3. Profa. Dra./Orientadora – Neplam – Depto.de Quimica – ICEX/UFMG
INTRODUÇÃO:
O gênero Maytenus é um dos maiores da família Celastraceae, envolvendo cerca de 80 espécies distribuídas em todo território brasileiro. Espécies do gênero Maytenus são de grande importância científica, uma vez que possuem comprovada atividade biológica. M. robusta é utilizada na medicina popular para o tratamento de úlceras estomacais. A variedade de moléculas encontradas em plantas faz com que sejam promissoras fontes de metabólitos bioativos, os quais podem ser explorados na descoberta de fármacos para o tratamento de doenças cuja terapêutica ainda não é adequada. O mal de Alzheimer é uma dessas doenças e é caracterizado como uma complexa desordem neurodegenerativa do sistema nervoso central em que há perda de neurônios colinérgicos e redução dos níveis do neurotransmissor acetilcolina no processo sináptico. Parte deste neurotransmissor é degradado pela enzima acetilcolinesterase (AChE) e inibidores desta têm mostrado resultados clínicos satisfatórios no tratamento da doença. Extratos e compostos isolados de M.robusta foram testados frente à inibição da AChE, visando descobrir novas substâncias que possam contribuir para a melhoria da qualidade de vida de pacientes que virão a desenvolver a doença.
METODOLOGIA:
Na avaliação qualitativa da inibição da AChE utilizou-se a metodologia de Ellman (ELLMAN et al., 1961) adaptada por Rhee e colaboradores (2001) para cromatografia em camada delgada. As amostras foram aplicadas em placas de sílica 60. Após eluição, as placas foram borrifadas com uma solução 1:1 de ácido 5,5’-ditiobis(2-nitrobenzóico) e iodeto de acetiltiocolina e solução da enzima AChE em tampão Tris/HCl, pH 8. Na ocorrência de inibição, observou-se um halo branco em meio ao fundo amarelo. O ensaio quantitativo foi realizado em microplacas utilizando a metodologia espectrofotométrica de Ellman adaptada por Rhee e colaboradores. Utilizou-se soluções de iodeto de acetiltiocolina, ácido 5,5’-ditiobis(2-nitrobenzóico) e de tampão Tris/HCl pH 8, contendo albumina sérica bovina, além de 25 µL de amostra na concentração de 10 mg/mL. Os testes foram feitos em quintuplicata e a absorvância medida na faixa de 405 nm. Adicionaram-se aos poços solução de AChE em tampão Tris/HCl, pH 8; mediu-se novamente a absorvância. O aumento da absorbância devido à hidrólise espontânea do substrato foi corrigido subtraindo a média dos valores da primeira medida da média dos valores após a adição de AChE. A percentagem de inibição foi calculada comparando a absorbância média das amostras com a absorbância média do branco.
RESULTADOS:
Foram testados os sólidos dos extratos clorofórmico e hexânico das folhas M.robusta, os extratos acetato etílico, clorofórmico e metanólico das folhas, os triterpenos 3β,11β-dihidroxifriedelano e 3 β-hidroxi-21 β-H-hop-22(29)-eno, além da mistura de ácido 3,4-seco-friedelanóico e β-sistosterol.
Todas as amostras testadas no ensaio qualitativo em cromatoplaca apresentaram inibição da enzima AChE, com a visualização do halo branco. O ensaio quantitativo realizado em microplacas permitiu a avaliação da percentagem de inibição da AChE, obtendo os seguintes resultados: as amostras dos extratos clorofórmico, acetato etílico e metanólico das folhas apresentaram inibição maior que 90%, o mesmo foi observado para os sólidos obtidos durante a preparação dos extratos clorofórmico e acetato-etílico das folhas. De acordo com Trevisan e colaboradores (2003), extratos cuja inibição enzimática é maior ou igual a 50% são considerados promissores e candidatos a futuros fracionamentos.
A mistura de ácido 3,4-seco-friedelan-3-óico e β-sistosterol apresentou 94% de inibição, os triterpenos 3β,11β-dihidroxifriedelano e 3 β-hidroxi-21 β-H-hop-22(29)-eno apresentaram respectivamente 64% e 76% de inibição da AChE.
CONCLUSÃO:
Todas as amostras testadas apresentaram atividade de inibição da AChE in vitro. Os inibidores da AChE são substâncias importantes no tratamento da doença de Alzheimer e testes de inibição dessa enzima permitem a identificação de substâncias que poderão servir como modelo para a síntese de novos fármacos que apresentem menos efeitos adversos. Os resultados promissores dos testes com os extratos e compostos das folhas de Maytenus robusta justificam as pesquisas utilizando plantas na busca de novos inibidores da AChE. Os valores obtidos para 3β,11β-dihidroxifriedelano e 3β-hidroxi-21β-H-hop-22(29)-eno abrem perspectivas para a realização de experimentos in vivo a fim de comprovar a atividade dessas substâncias frente à doença de Alzheimer.
Palavras-chave: Acetilcolinesterase, Alzheimer, Maytenus robusta.