64ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 4. Educação Básica
COMPUTADOR E INTERNET NA ESCOLA: INDICAÇÕES PARA A APROPRIAÇÃO SIGNIFICATIVA DAS TIC NA SALA DE AULA
Bruna Nau 1
Jéssica Viana E Silva 2
Erica de Oliveira Gonçalves 3
Elisa Maria Quartiero 4
1. Departamento de Pedagogia - UDESC
2. Departamento de Pedagogia - UDESC
3. Departamento de Pedagogia - UDESC
4. Profa. Dra./ Orientadora - Departamento de Pedagogia - UDESC
INTRODUÇÃO:
A perspectiva de promoção da inclusão digital (BONILLA, 2005) instaura a reflexão sobre os processos e os mecanismos que a inclusão social pode disparar em relação ao acesso crítico ao computador e aos conteúdos da internet. A fim de superar a cadeia de simplificações construídas acerca da inclusão digital e as armadilhas sustentadas pelo determinismo tecnológico (BARRETO, 2010), é necessário questionar-se sobre quais os interesses que, de fato, escoram as campanhas de inclusão expressas por instituições públicas e privadas, pela mídia e pelas grandes agências internacionais financiadoras. Nesse sentido, a preocupação com a inclusão digital da população brasileira é a expressão de políticas públicas que visam à igualdade social ou é o reflexo das necessidades do capital, da ampliação da exploração através da redução de mão de obra e da sobrecarga de trabalho? Diante da intensificação do uso das tecnologias em todos os espaços sociais a partir das questões expostas acima investigou-se de que forma o uso das TIC na sala de aula pode se configurar como instrumento de construção do pensamento crítico e da autonomia individual e coletiva dos alunos diante do conhecimento e do contexto social, político, econômico e cultural em que estão inseridos.
METODOLOGIA:
A partir de dados coletados na pesquisa “O impacto das TIC em trajetórias escolares e profissionais: um estudo comparativo entre os discursos de alunos, professores e especialistas em TIC (Brasil-Portugal)” investigou-se o impacto das políticas de inserção das TIC em escolas públicas por meio da análise de trajetórias escolares e perspectivas de inserção profissional de estudantes do Ensino Médio (Brasil) e Ensino Secundário (Portugal). Partindo disso, verificou-se em que medida as práticas pedagógicas desenvolvidas na sala de aula favorecem ou não a inclusão, a autonomia dos estudantes e a aprendizagem criativa. Para a coleta de dados realizou-se: a) aplicação de questionários, em 2010 e 2011, a estudantes do último ano do ensino secundário da Escola Secundária de Oliveira do Douro e da Escola Secundária Aurélia de Sousa, de Porto, Portugal e a estudantes do último ano do ensino médio no Instituto Federal de Santa Catarina, de Florianópolis, Brasil. A amostra da pesquisa é composta por 174 estudantes portugueses e 64 estudantes brasileiros; b) aplicação de questionário a 28 professores do ensino secundário e a 3 professores do ensino médio dessas Escolas; c) entrevistas com teóricos da área de TIC sobre as propostas para a sua inserção no currículo escolar.
RESULTADOS:
Os dados apontam que 80% dos docentes e 92,9% dos estudantes identificam diferenças entre as aulas com e sem o uso das TIC. Porém, a explicitação das diferenças revela um descompasso entre os seus discursos. Estudantes avaliam que as aulas com computador e internet são mais informais: permitem maior compartilhamento de informações com os colegas, integração entre os conteúdos das disciplinas, desenvolvimento da autonomia na criação e apresentação de conteúdos, aprendizagens mais significativas e maior valorização de suas ideias. Os professores consideram pouca diferença em relação à dinâmica das aulas, à autonomia dos alunos e à receptividade e valorização dos trabalhos discentes. Porém, concordam que ensinam melhor e mais, que há maior compartilhamento de informações entre os alunos e que a relação com os conteúdos de outras disciplinas é facilitada com o uso das TIC. No que diz respeito à inserção profissional, imbricada à possibilidade de inclusão social por meio da ampliação do capital financeiro e/ou social (BOURDIEU, 1997), os sujeitos pesquisados destacam a importância do aproveitamento escolar, do domínio de conhecimentos e do desenvolvimento de competências (ZARIFIAN, 2003) interpessoais e conceituais (NORDHAUG, 1998).
CONCLUSÃO:
Ainda que a apropriação das tecnologias na educação decorra, principalmente, de uma lógica instrumental, que toma os aparatos tecnológicos como meios de diversificação das técnicas de ensino, alunos e professores consideram que a inserção destes meios como possibilidade de construção ativa do conhecimento, superação da simples transferência de conteúdos e da dicotomia emissão-recepção constituem a realidade escolar das instituições pesquisadas. Porém, torna-se fundamental que a escola proponha “dinâmicas pedagógicas que não se limitem à transmissão ou disponibilização de informações, inserindo nessas dinâmicas as TIC, de forma a reestruturar a organização curricular fechada e as perspectivas conteudistas que vêm caracterizando-a” (BONILLA, 2005, p.91). Suas práticas devem abarcar as tecnologias de maneira que os alunos sintam-se interessados e entusiasmados a aprender, contudo as questões que envolvem esse processo não se limitam ao aspecto atrativo e inovador da tecnologia. Impõe-se a necessidade de uma postura crítica diante da maneira simplista com que a inserção das TIC vem ocorrendo nas escolas, para que se possa cada vez mais potencializar as possibilidades de qualificação da relação professor-aluno e dos processos de ensino-aprendizagem.
Palavras-chave: TIC na educação básica, Práticas pedagógicas, Inclusão social e digital.