64ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 7. Sociologia
PARDO... MORENO... NEGRO! : IDENTIDADE EM DEBATE ENTRE OS ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL EM SÃO BERNARDO-MA.
Isabelle Gonçalves de Souza 1
Elizabete dos Santos Oliveira 2
Ana Caroline Amorim Oliveira 3
1. Curso de Ciências Humanas Universidade Federal do Maranhão - UFMA
2. Curso de Ciências Humanas Universidade Federal do Maranhão - UFMA
3. Profa. Msc./ Orientadora - Curso Ciências Humanas - UFMA
INTRODUÇÃO:
Durante muito tempo pairou no cenário brasileiro um discurso que negava a idéia de racismo no país, pois se acreditava que aqui havia uma democracia racial em virtude do processo de miscigenação das três raças-branca, negra e indígena e que, portanto não havia preconceito racial. No entanto, conjuntamente com essa idéia perpetuava políticas que excluíam os negros dos espaços sociais caracterizados como pertencentes aos brancos, em especial as escolas. Os negros não eram considerados como elementos fundamentais para a construção do país sendo relacionado às piores características de cunho biológico (SCHWARCZ, 1993). Em função de reivindicações sociais e políticas do movimento social negro, atualmente no Brasil estão sendo realizadas políticas de ações afirmativas com intuito de reparar injustiças praticadas contra negros e outros grupos minoritários trazendo à tona discussões sobre a fábula das três raças que como afirma Da Matta (1987) “constitui na mais poderosa força cultural do Brasil”. Dessa maneira, a proposta desse trabalho é fazer uma análise acerca da autodenominação étnica-racial dos alunos do ensino fundamental do Instituto Municipal Cônego Nestor de Carvalho Cunha, localizado no município de São Bernardo- MA.
METODOLOGIA:
Foi realizada pesquisa bibliográfica de cunho documental, através da lei 10.639/2003, e revisão bibliográfica de autores que pesquisam sobre discriminação étnico-racial e educação. A pesquisa teve abordagem qualitativa, através da pesquisa de campo, com observação no espaço escolar e entrevistas informais; e quantitativa através de questionários semiestruturados com alunos de 6º a 9º ano da escola municipal.
RESULTADOS:
A partir das observações feitas na escola foi constatado que os professores não estão preparados para trabalhar o conteúdo afrodescendente refletindo nos alunos o desconhecimento da importância do povo africano e dos afro-brasileiros na formação do Brasil. Esse preconceito está representado, por exemplo, nas dificuldades desses estudantes se auto definirem como negros. Pois através dos questionários foi averiguado que: nenhum dos estudantes se identificou como negro, no entanto 40% se identificaram como morenos e 60% como pardo. Segundo Sousa (2005, p.109) “ser reconhecido ou reconhecer alguém como negro soa, muitas vezes, como coisa negativa ou insulto, por ser associado à condição inferior”. Pois diante de uma sociedade considerada miscigenada que por muito tempo foi permeada a idéia de branqueamento, é mais aceitável dizer que é moreno ou pardo do que se definir como negro, pois estes, com afirma Lilia Schwarcz (1993), sempre foram alvos de discriminação racial, considerados os causadores de grandes males e atraso da sociedade brasileira.
CONCLUSÃO:
Conclui-se, portanto que as informações dadas pelos alunos sobre identidade étnico-racial referente ao uso de terminologias como pardo ou moreno é reflexo do “preconceito à brasileira”, como denominava Da Matta (1987) impregnada de estereótipos que tendem a relacionar o negro a coisas negativas, a noções de inferioridade enquanto enaltece o branco, impedindo o indivíduo negro de se auto denominar enquanto tal. E que, embora a obrigatoriedade do ensino de história dos povos afrodescendentes no âmbito escolar por meio da lei 10.639/2003, a escola analisada está despreparada para trabalhar a temática, trata do assunto de forma simplista e sem contextualização e isso reforça a maneira negativa como os alunos percebem a raça negra.
Palavras-chave: Identidade, Mestiçagem, Escola..