64ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 6. Economia Monetária e Fiscal
A EFICIÊNCIA DA POLÍTICA MONETÁRIA NO CONTROLE DA INFLAÇÃO NO BRASIL
Luiz Otávio Stefanelli Potsch 1
Amiris de Paula Serdeira 1
Deyvid Alberto Hehr 1
1. Depto de Ciências Econômicas - UFES
INTRODUÇÃO:
O debate acerca da situação econômica do Brasil há vários anos, tem girado em torno da estabilidade de preços, principalmente após a implantação do Plano Real, em 1994. Desta forma, todas as políticas econômicas, tanto fiscal, cambial, como monetária, têm sido feitas com vistas ao combate ao aumento da inflação. Num cenário de elevação do risco inflacionário, chegando até ao ponto do limite superior do sistema de metas para inflação ser rompido, as medidas adotadas pelo governo não poderiam ser outras senão políticas anticíclicas de combate a essa tendência.
Contudo o aumento dos juros não têm sido suficientes, no que consta à política monetária, para controle da inflação. Medidas macroprudencias com o intuito de um maior contingenciamento do volume de crédito têm sido recorrentemente utilizadas para complementá-la
Visto isso, o artigo divide-se em duas partes principais. Primeiramente faz-se um retrospecto dos principais canais de transmissão da política monetária e um diagnóstico de sua eficiência. Em seguida é feita uma análise da pressão inflacionária sofrida pelo Brasil nos últimos anos, bem como os instrumentos que as autoridades de política econômica vêm utilizando para contê-la.
METODOLOGIA:
O artigo é resultado de pesquisa realizada no Grupo de Pesquisa em Conjuntura Econômica do Departamento de Economia/UFES e foi realizada através de uma análise bibliográfica de artigos científicos, leitura sistemática de artigos de opinião veiculados em periódicos virtuais e compilação de dados buscados em sites de importantes instituições, tais como Banco Central do Brasil (BACEN), Federal Reserve Board (FED) e Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Num primeiro momento
RESULTADOS:
Países que passaram por longos períodos de alta inflação, tal como o Brasil antes do Plano Real, tendem a criar uma série de adaptações à vida econômica que acabam por reduzir a eficiência da política monetária. Entre elas o desenvolvimento de sofisticados mecanismos de indexação financeira, que priorizam os títulos de curto prazo em detrimento aos de longo prazo, e a dependência que o setor bancário passa a ter da flutuação financeira – que forneciam elevados ganhos através da incidência da inflação sobre os depósitos à vista, o que tornava o crédito uma forte secundária de receitas.
Essas duas características da economia brasileira (baixa maturidade dos títulos de dívida pública e baixo volume de crédito na economia) tornaram limitados os canais de transmissão da política monetária. Tendo como base de dados o período entre os anos de 2007 e 2011, observamos que houve melhoras nesse cenário. A proporção de títulos com prazo de resgate maior tem se elevado em relação aos de menor maturidade. O percentual dos de curto prazo caiu de 34,5% para 21%. Já os de longo prazo tiveram uma elevação de 43% para quase 60%. Quanto ao crédito, esse também apresentou uma melhora. O seu volume em relação ao PIB passou de 30% para 46% no final do período base.
CONCLUSÃO:
Deparando-se com tais resultados, concluímos que os efeitos da política monetária sobre os agregados macroeconômicos adquiriram uma maior potencialidade ao longo do período estudado, fato que contribui para elevar o poder da nossa autoridade monetária, dando-a maior capacidade de promover políticas anticíclicas.
O impacto da política monetária depende crucialmente, além dos dois fatores anteriormente relacionados no estudo, de como o setor bancário repassa para o resto da economia as variações de reservas operadas pela autoridade monetária em suas operações de mercado aberto. A variação do nível de liquidez na circulação financeira não tem nenhum efeito sobre a inflação, dado que este circuito não está ligado à realização de transações com bens e serviços. O impacto da política aqui se dá sobre o preço dos ativos financeiros e, daí, sobre o investimento em ativos reais. Ou seja, apenas parte da variação de reservas induzida pelo banco central afeta a circulação industrial.
Palavras-chave: Inflação, Taxa de Juros, Crédito.