64ª Reunião Anual da SBPC

E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 4. Conservação da Natureza

ESTIMATIVA DE BIOMASSA DO COMPONENTE ARBÓREO DE UM FRAGMENTO FLORESTAL SECUNDÁRIO DA APA ‘RAIMUNDO IRINEU SERRA’, EM RIO BRANCO, ACRE.

Samária Santos da Silva ^{1, 2}
Evandro José Linhares Ferreira ^{1, 2, 4}
Janice Ferreira da Silva ³
Antonio Ferreira de Lima ^{1, 2}
Cleison Cavalcante de Mendonça ^{1, 2}
Heliton Guimarães de Menezes ^{1, 2}

1. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/ Núcleo de Pesquisa do Acre
2. Herbário do Parque Zoobotânico da UFAC
3. Universidade Federal de Lavras/Programa de Doutorado em Engenharia Florestal
4. Orientador - Núcleo de Pesquisa do INPA no Acre

INTRODUÇÃO:

A maior parte das emissões de CO₂ do Brasil (cerca de 2/3) provém do desmatamento e queimadas. Na Amazônia estas emissões totalizam cerca de 200 milhões de toneladas/ano, ou mais de duas vezes as emissões por queima de combustíveis fósseis. Entre os diversos serviços prestados pelas florestas, destacam-se o seqüestro e a estocagem de carbono e um dos aspectos mais relevantes nos estudos de fixação de carbono é a variável biomassa, que precisa ser determinada de forma fidedigna para não haver inconsistências na quantificação de carbono fixado nos ecossistemas florestais. Por serem as florestas os maiores acumuladores de biomassa do planeta, a sociedade civil organizada e a mídia vêm demandando dos profissionais que atuam na área florestal a geração de informação e conhecimento que possam auxiliar na redução dos riscos ambientais que se colocam diante da espécie humana em razão do aquecimento global derivado da emissão excessiva de CO₂ na atmosfera.
Diante desse contexto, avaliações das estimativas de biomassa de áreas florestais passaram a ser muito importantes. No presente estudo foi estimado o estoque de biomassa de espécies arbóreas em um fragmento florestal secundário da Área de Proteção Ambiental Raimundo Irineu Serra (APARIS), localizada nas cercanias de Rio Branco, Acre.

METODOLOGIA:

A estimativa do estoque de biomassa realizado durante este estudo foi feita através de método não destrutivo, usando para tal os dados de inventário florestal realizado no fragmento avaliado. O inventário foi realizado em 10 parcelas de 20 m de largura por 25 m de comprimento (5.000 m²) dispostas ao longo de um transecto de 250 m de comprimento. Todos os indivíduos arbóreos com diâmetro a altura do peito (DAP) igual ou superior a 10 cm foram marcados, avaliados e medidos. Para cada um deles as seguintes informações foram colhidas: identificação vernacular e científica, família botânica, DAP, altura comercial e total, qualidade do fuste e infestação de cipós. Através destes dados foi possível quantificar o valor da biomassa, utilizando a equação alométrica proposta por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia-INPA em 1998 (Higuchi e outros), onde se considera que do valor do peso fresco de uma árvore, 60% refere-se a peso seco (biomassa).
A equação para se calcular o peso fresco de uma árvore usada no estudo é a seguinte:
ln PF = -2,694 + 2,038 ln D + 0,902ln H
Onde,
PF = Peso fresco (kg)
D = Diâmetro à altura do peito (cm)
H = Altura total da árvore (m)

RESULTADOS:

O número total de indivíduos inventariados com DAP ≥ 10 cm foi de 194, sendo todos arbóreos. A biomassa total média das árvores encontradas no fragmento florestal avaliado na APARIS, considerando DAP ≥ 10 cm foi estimada em 228,507 kg.arvore-¹ o que representa 91,403 t ha-¹, sendo que a espécie que apresentou o maior estoque de biomassa foi a Samaúma branca (Ceiba pentandra), com valor médio de 891,562 kg.arvore-¹. Já a ingá ferro (Inga sp.) com 28,289 kg.arvore-¹ foi a espécie com menor quantidade de biomassa. Estudos prévios indicam que a biomassa estocada acima do solo na vegetação acreana varia entre 36 a 424 t ha-¹, com o valor de carbono estocado representando pelo 50% da biomassa (entre 18 a 212 t.ha-¹). Um dado mais recente, publicado em 2011, indica que a biomassa verde acima do solo em florestas acreanas, considerando-se o DAP ≥ 10 cm, é de 246 ± 90 t.ha-¹.

CONCLUSÃO:

O valor estimado de biomassa presente no fragmento florestal da APARIS é expressivo considerando o histórico de perturbações antrópicas recorrentes no fragmento florestal avaliado. As informações geradas pelo presente estudo servirão para subsidiar a elaboração de um plano de manejo para a APARIS, e, mais importante, podem ajudar na conservação do fragmento florestal estudado visto que agora é possível valorar financeiramente o mesmo visando a sua inserção futura no mercado de crédito de carbono.

Palavras-chave: Aquecimento global, Carbono, Floresta secundária.