64ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 5. Medicina Veterinária - 5. Reprodução Animal
Comparação da Biometria das serpentes Bothropoides jararaca e Crotalus durissus nascidos em cativeiro
Vanessa Pinho da Matta Novaes 1
Claudio Machado 1
1. Divisão de Herpetologia, Instituto Vital Brazil, IVB
INTRODUÇÃO:
São conhecidas em todo o mundo cerca de 2700 espécies de serpentes. O Brasil destaca-se por possuir a quinta maior diversidade de répteis. A fauna de serpentes brasileiras é composta por 77 gêneros, divididos em 256 espécies distribuídas nos cinco maiores biomas brasileiros, sendo 69 espécies peçonhentas e 187 não peçonhentas. As serpentes da espécie Bothropoides jararaca tem grande capacidade adaptativa e são ágeis. O tamanho médio dessas serpentes, quando adultas, é de cerca de 1m. Nascem principalmente entre janeiro e março em ninhadas compostas de 3 à 35 filhotes e medindo em torno de 20 cm. Já as serpentes da espécie Crotalus durissus, são terrestres e pouco ágeis. Sua principal característica é a presença de chocalho no extremo caudal. O ciclo reprodutivo é bienal. Parem de 6 à 22 filhotes no período entre dezembro à fevereiro variando conforme fenômenos climáticos nos diferentes anos. O presente trabalho visa analisar de forma comparativa a biometria e verificar a diferença dos valores de crescimento e peso destas duas espécies.
METODOLOGIA:
Para a pesagem e mensuração dos filhotes foram utilizados uma balança eletrônica de precisão, placas retangulares de espuma para a acomodação das serpentes, placas de acrílico transparente, régua milimetrada, linha 00 Corrente e caneta-marcadora para retroprojeção. As fêmeas estudadas chegaram prenhas da natureza e foram mantidas em cativeiro e colocadas em caixas separadas com água disponível até que parissem. Os filhotes foram separados em caixas de polipropileno medindo 30cm de comprimento X 20cm de largura forradas com papel ondulado contendo bebedouro com água e identificados com crachás contendo o número da mãe e do filhote. Todos os animais tiveram seu sexo identificado, foram pesados, mensurados e alimentados quinzenalmente com neonatos de Mus musculus; sendo sua aceitação ou não anotada. Foram estudados 33 exemplares de serpentes; 16 filhotes de C. durissus nascidos no dia 28/12/2011, sendo 62,5% de machos e 37,5% de fêmeas e 17 filhotes de B. jararaca, nascidos no dia 30/01/2012, sendo 35,3% de machos e 64,7% de fêmeas.
RESULTADOS:
Os filhotes de C. durissus tiveram média de peso de 26,7g e de comprimento de 36,8cm em seu nascimento. Apresentaram aumento de 2,90% nos valores de crescimento e de peso de 13,02% num período aproximado de 3 meses. Já os filhotes de B. jararaca, em seu nascimento, tiveram média de peso e comprimento de 9,4g e 29,5cm respectivamente. Em três meses de vida aumentaram seu crescimento em 6,93% e seu em peso de 1,86%. Comparando as duas espécies, verifica-se que os filhotes de C. durissus, tiveram um ganho de 6,09% em peso e 1,04% em tamanho do que os filhotes de B. jararaca, apesar dessas nascerem menores e com menos peso. Na primeira alimentação 93,7% dos filhotes de C. durissus aceitaram o alimento, diferente dos filhotes de B. jararaca em que apenas 17,6% aceitaram. A partir da segunda alimentação, a percentagem de filhotes de B. jararaca que aceitaram o alimento foi de 35,3%. Em relação a ecdise, os filhotes de C. durissus apresentaram taxa de 87,5% enquanto que os filhotes de B. jararaca apresentaram taxa de 76,4%.
CONCLUSÃO:
Verifica-se que os filhotes de C. durissus tiveram um aumento de peso e tamanho em relação aos filhotes de B. jararaca num período de aproximadamente 3 meses. A diferença na rejeição de alimento pode ter sido uma das causas da variação de peso e tamanho entre as espécies. Constatou-se que cada etapa da mensuração deve ser feita pela mesma pessoa para se evitar diferenças entre os dados ao longo do tempo e esta metodologia mostrou-se eficiente e segura, sem risco de acidente para o operador.
Palavras-chave: Serpentes, Filhotes, Mensuração.