64ª Reunião Anual da SBPC |
B. Engenharias - 1. Engenharia - 9. Engenharia Mecânica |
ESTUDO DO CONTROLE DE RUÍDO OCUPACIONAL EM AMBIENTE INDUSTRIAL DE BENEFICIAMENTO DE MADEIRA, ATRAVÉS DA MODELAGEM ACÚSTICA E IMPLANTAÇÃO DE DIVISÓRIAS DESENVOLVIDAS COM MATERIAL REGIONAL. |
Paulo Henrique Franco Ferreira 1 Alysson Kleber Ferreira de Lima 1 Sérgio de Souza Custódio Filho 1 Gustavo da Silva Vieira de Melo 2 |
1. Faculdade de Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Pará – UFPA. 2. Prof. Dr./Orientador – Fac.de Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Pará. |
INTRODUÇÃO: |
A Amazônia brasileira é uma das principais regiões produtoras de madeira no mundo, atrás apenas da Malásia e Indonésia (OIMT, 2006). Em 2000, só o estado do Pará gerou uma renda bruta de aproximadamente US$ 1 bilhão. Mesmo gerando elevado número de empregos, essa atividade possui alto índice de acidentes, riscos e doenças relacionadas ao trabalho. Um desses riscos é o ruído ocupacional. O ruído, ou som indesejável, pode influenciar diretamente na qualidade de vida dos indivíduos afetados, fazendo com que as pessoas expostas ao mesmo tornem-se estressadas e sofram da perda auditiva induzida por ruído (PAIR). O presente trabalho objetiva estudar uma possível forma de controle de ruído neste tipo de ambiente buscando torná-los ambientes de trabalho salubres. Assim, o estudo é feito utilizando a modelagem acústica através de métodos numéricos, além de estudar o ruído ocupacional ao qual um trabalhador do setor madeireiro está exposto, verificando os níveis de pressão sonora no local. Essa pesquisa ainda realiza um estudo de materiais alternativos para serem utilizados em enclausuramento. Esses materiais são de baixo custo e de fácil acesso na região. São divisórias feitas com madeira compensada, resíduos de fibra de coco e pó de serra. |
METODOLOGIA: |
Nesse trabalho é utilizado o software Odeon, o qual funciona como uma junção de dois métodos de simulação auxiliada por computador, o método baseado em raios acústicos e o método fonte imagem. Para a construção do modelo é gerado um esboço tridimensional do ambiente utilizando plataforma CAD. Para geração e validação do modelo se faz necessário a realização de medições no ambiente estudado. Além de medidas geométricas, é necessário realizar o levantamento do nível de potência sonora das máquinas identificadas como fontes de ruído. As medições de potência sonora das principais fontes sonoras foram realizadas através da técnica de intensimetria e utilizando a metodologia de medição por varredura. As divisórias foram desenvolvidas de um modo que tivessem bom rendimento quando utilizadas no isolamento acústico. Consistem de duas placas de madeira compensada de 10 mm de espessura com um espaço de 50 mm entre si, este espaço é preenchido com resíduos de fibra de coco ou pó de serra. Deve-se conhecer a perda de transmissão sonora dessas divisórias, pois esses dados são utilizados no modelo na hora de estudar a alternativa de controle de ruído. Esse levantamento de dados se deu utilizando minicâmaras reverberantes de acordo com os padrões e normas internacionais da ISO 140 e ISO 354. |
RESULTADOS: |
Comparando os resultados de níveis de pressão sonora (NPS) experimentais com aqueles fornecidos pelo modelo numérico do galpão estudado, com fontes sonoras devidamente atribuídas, observa-se que o modelo foi capaz de reproduzir a tendência global dos resultados experimentais. Estudos realizados demonstram que a exposição a ruído com valores acima de 85 decibéis, o que é o caso dos trabalhadores que atuam no galpão analisado, é lesivo ao ouvido humano, dependendo do tempo que o trabalhador ficar exposto. Conforme a Norma Regulamentadora 15, do Ministério do Trabalho e Emprego (NR 15), para os valores encontrados de nível de ruído, será considerada a máxima exposição diária permissível, relativa ao nível imediatamente mais elevado. Se a NR 15 for seguida, um trabalhador não poderia passar mais que 3 horas e 30 minutos dentro do Galpão. Porém a jornada de trabalho nesse tipo de empresa é de 8 horas, o que excede os limites estipulados pela norma. Mesmo tomado como referência o menor valor de NPS medido, os limites da norma já estariam excedidos. Para as divisórias foram obtidos resultados diferentes de acordo com cada material, e a divisória que teve um comportamento médio considerado bom nas faixas de frequência estudadas foi a de pó de serra, justificando seu uso nesse trabalho. |
CONCLUSÃO: |
Os resultados são considerados próximos devido a hipóteses simplificadoras utilizadas desde a construção do modelo a adequação das características dos elementos constituintes deste. Com os valores obtidos, pôde-se perceber então que o ambiente quase que em sua totalidade se tornaria salubre segundo as normas nacionais vigentes, devendo-se enfatizar que os resultados não são considerados exatos para as sensações humanas neste ambiente, por não levar em consideração que, conjuntamente, ao enclausuramento das máquinas tem-se o uso de EPI’s pelos receptores (operários). Assim, tendo em vista que o modelo possui uma tendência de comportamento muito próxima a do ambiente, pode-se então afirmar que o uso das divisórias regionais seria uma solução viável do ponto de vista operacional, levando em consideração sua implantação e, do ponto de vista financeiro, levando em consideração que sua construção se dá através de materiais aproveitados do processo produtivo da empresa, sendo também confiável, tendo em vista as aproximações entre as tendências de comportamento do ambiente e do modelo, nos levando as proximidades do cumprimento do objetivo de tornar este ambiente de trabalho salubre. |
Palavras-chave: Controle de ruído, Ambiente de trabalho salubre, Materiais regionais. |