64ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia |
A construção da São Luis opaca: expansão das ocupações urbanas na capital maranhense, grandes projetos industriais dos anos 1970 e 1980 e os organismos e movimentos sociais. |
CLÁUDIO ANSELMO DE SOUZA MENDONÇA 1 ANDREIA MONTEIRO DE CARVALHO 2 |
1. IFMA IFMA E CEPFP-MA 2. CEPFP-MA |
INTRODUÇÃO: |
A história da humanidade, e de suas lutas pela sobrevivência, está estreitamente ligada à construção do espaço em toda a sua magnitude. A espacialidade dominante a partir da vitória burguesa, que em seu momento de ascensão revolucionou o lugar habitado, o ampliando, consolidou num víeis doutrinário a forma em que o espaço urbano, por exemplo, deveria se construir ou se (des)construir. A urbanização principiante a partir dos ciclos de desenvolvimento capitalista, aquela oriunda dos primeiros países-dirigentes da espacialidade dominante, acabou por ser organizada visando não à convivência social harmoniosa, mas contrariamente a isso. Ontologicamente, devido ao próprio modo de produção dominante, o lugar acabou se constituindo como o algo mais tangível para punir aqueles que pensassem diferente, excluir as vozes discordantes e exilar em seu próprio chão, aquelas vozes “irritantes” que não aceitam o que deve ser aceitável. A cidade de São Luis, capital do Maranhão, não foge esta perversa regra do capital. Em meados de 1985, de cada 100 famílias, 45% viviam em ocupações urbanas. “No período 80/85, ou seja, em cinco anos, quando se iniciaram as obras de implantação da CVRD e ALUMAR, a população da capital cresceu 85,5%”(GISTELINK, 1988, p.33). Esse processo é bem significativo, pois permite perceber como São Luis se urbanizou tão rapidamente, num curto período de tempo |
METODOLOGIA: |
Pesquisar no momento atual é um enorme risco. Ainda mais nestes tempos de tamanha bestialização do pensamento, onde a pesquisa está estritamente ligada a uma perspectiva produtivista. Perde-se cada vez mais a autonomia da pesquisa, pois por mais que os sujeitos-pesquisadores ainda se roguem de poderem, em suma, escolher seus objetos de estudos, estão cada vez mais de joelhos ao jogo da modernidade. Dessa forma, a pesquisa deve ser compreendida como uma etapa – não estanque – no ensino. Dialeticamente, uma pesquisa deve buscar o visto e o não visto, compreendendo assim que o mito da neutralidade científica é uma dessas ideologias criadas e que muito bem cabe nestes dias de acomodação científica. Através dos sujeitos, dos viventes das ocupações urbanas e dos espaços luminosos, pode-se perceber que a cidade é um resultado aperfeiçoado do grande objetivo do capitalismo: isolar para explorar, especializar para dominar. É sabido que na maioria das ocupações urbanas, “o Estado não faz nada. Não oferece água, escola, rede de esgotos, estradas nem hospital” (DAVIS, 2006, p. 71). Os dramas se misturam e quando há organização social há perspectiva de superação e enfrentamento com possibilidades de mais vitórias. Metodologicamente, é juntamente com os agentes ativas desse processo que se pode compreender de forma mais precisa a realidade da São Luis opaca desses 400 anos |
RESULTADOS: |
As ocupações urbanas não estão separadas dos processos estruturais da sociedade. Ela é reflexo direto do papel do Estado que cada vez mais se retira de seu papel, na sociedade burguesa, de atuar minimamente no intuito de amenizar os problemas maiores que abalam a humanidade. As “invasões” são os resultados desse Estado, entretanto, como é percebido, não é um reflexo insosso, sem vida e cor, mas é atuante, com seus levantes e questionamentos. É percebido que nestes últimos anos São Luis passou por importantes mudanças, e sem margem de dúvidas, é a penetração de grandes empreendimentos industriais que vão permitir esta alteração de São Luis a partir do final dos 1970. O desenho espacial horizontalizados de cidades como São Luís do Maranhão se transmuta e transmuta. As crescentes ocupações urbanas permitiram compreender que no processo de penetração do capital, várias ocupações foram surgindo, a exemplo do João de Deus, na década de 1980, e da Cidade Olímpica, na década de 1990. Hoje, vive-se um ambiente da construção da maior refinaria da Petrobrás na cidade de Bacabeiras, separada da cidade de São Luis pela ponte sobre o Estreito dos Mosquitos, já na parte continental do Estado do Maranhão. Isso irá impactar o espaço são-luisense mais ainda, e sem dúvida, os espaços opacos aumentarão mais ainda |
CONCLUSÃO: |
Na existência de espaços luminosos há uma imensidão de espaços opacos, onde estão presentes a massa dos trabalhadores que com sua força de trabalho permitem que uma pequena parcela do espaço geográfico esteja iluminado 24 horas por dia. É importante lembrar que espaços luminosos [são] aqueles que mais acumulam densidades técnicas e informacionais, ficando assim mais aptos a atrair atividades com mais conteúdo de capital, tecnologia e organização. Por oposição, os subespaços onde tais características estão ausentes seriam os espaços opacos”. (SANTOS e SILVEIRA, 2001, p. 264). Esta maioria não aceita esta condição pacificamente, pois sabem que devem está em constante alerta. Diz-se dialeticamente, pois mesmo já alojados, é constante as desapropriações, e dessa forma, passam obrigatoriamente a se constituir coletivamente - e não mais conjuntamente – “exigindo melhorias para os lotes das periferias, melhorias sanitárias no interior das favelas [...] resistindo às expulsões violentas a que têm sido frequentemente submetidas”. (SANTOS. 1982, p.129). É justamente por isso que nos dias atuais se assiste a uma reorganização dos sujeitos ocupantes, em contraposição aos grandes empreendimentos imobiliários e industriais que vem visando à expulsão desses moradores. Vêm mostrando que somente com suas próprias organizações é possível impedir este processe expropriador |
Palavras-chave: Espaços luminosos;, Espaços opacos;, Grandes projetos. |