64ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 3. Química Analítica
COMPORTAMENTO VOLTAMÉTRICO DA CATEQUINA SOBRE CARBONO VÍTREO EM SOLUÇÕES AQUOSAS
Ana Luísa Silva 1
Sônia Maria Carvalho Neiva Tanaka 2
Auro Atsushi Tanaka 3
1. Mestranda / Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Conservação - UFMA
2. Profa. Dra. / Pesquisador Colaborador - Departamento de Tecnologia Química - UFMA
3. Prof. Dr. / Orientador – Departamento de Química – UFMA
INTRODUÇÃO:
A catequina é um composto fenólico do grupo dos flavanóis, os quais se destacam entre os diferentes grupos de flavonóides pelas suas propriedades antioxidantes. Para a quantificação de catequina em diferentes matrizes, técnicas cromatográficas, como a cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) com detecção por quimiluminescência e fluorescência, bem como a cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas (LC-MS), têm sido as mais utilizadas. Porém, estas técnicas dependem de amostras livres de interferentes, requerendo muitas vezes exaustivas etapas de pré-tratamento, equipamentos de alto custo com detectores adequados e tempos razoáveis de análise. Assim, nas últimas décadas, técnicas eletroquímicas têm sido propostas como alternativas viáveis e promissoras, uma vez que os métodos eletroanalíticos apresentam algumas vantagens gerais sobre outros tipos de procedimentos analíticos, pois além de serem frequentemente específicos para um processo redox de um composto, envolvem uma instrumentação relativamente barata. Assim, este trabalho apresenta um estudo do comportamento eletroquímico da catequina sobre um eletrodo de carbono vítreo em soluções aquosas com a técnica de voltametria cíclica, com o propósito de fornecer as informações necessárias para o desenvolvimento de eletrodos quimicamente modificados como sensores eletroquímicos para a determinação de bioflavonóides.
METODOLOGIA:
Os experimentos com a técnica de voltametria foram realizados em uma célula eletroquímica com um eletrodo de trabalho de carbono vítreo. As medidas eletroquímicas foram realizadas com o auxílio de um potenciostato EcoChemie Autolab 302N acoplado a um microcomputador e utilizando-se eletrodos de prata/cloreto de prata (Ag/AgCl) e de platina (Pt) como referência e auxiliar, respectivamente. Todos os reagentes adquiridos foram de grau analítico e utilizados sem purificação prévia; especificamente, a catequina foi adquirida da empresa Sigma-Aldrich.
RESULTADOS:
Experimentos iniciais de voltametria cíclica, realizados entre -0,4 V e 1,0 V vs. Ag/AgCl, mostraram que a catequina sobre o eletrodo CV em solução tampão fosfato (pH 7) apresenta um pico quase reversível em torno de +0,2 V (pico 1) e um pico irreversível na varredura anódica em torno de +0,6 V (pico 2). Estes picos apresentaram uma forte dependência com o pH do eletrólito e mostraram que o pico 1 apresenta características de um processo reversível em soluções aquosas ácidas, particularmente em pH 2. Para soluções no intervalo de pH entre 2 e 7, um gráfico do potencial do pico 1 na varredura anódica em função do pH apresentou um comportamento linear com uma inclinação da ordem de 60 mV/pH, indicando que o processo redox registrado envolve o mesmo número de prótons e elétrons. Estes resultados estão de acordo com os reportados na literatura e indicam que o pico 1 está associado com a oxidação do grupo catecol e envolvendo 2 elétrons e 2 prótons, com a formação de orto-quinona como produto. Em solução de pH 2, as correntes do pico 1 mostraram uma dependência linear com a raiz quadrada da velocidade de varredura do potencial, indicando tratar-se de um processo redox reversível sob controle difusional. Além disso, para uma velocidade de varredura do potencial fixa, as correntes do pico 1 também apresentaram um comportamento linear com a concentração. Estes resultados indicam viabilidade da quantificação de catequina em soluções aquosas ácidas (pH 2) com o eletrodo CV.
CONCLUSÃO:
As medidas de voltametria cíclica do comportamento da catequina sobre o eletrodo de carbono vítreo em soluções aquosas ácidas mostraram a possibilidade da modificação da sua superfície para a obtenção de eletrodos quimicamente modificados com maior sensibilidade e seletividade para a determinação de bioflavonóides.
Palavras-chave: Flavonóide, Catequina, Voltametria cíclica.