64ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 5. História - 1. História da Cultura |
TAMBOR DE CRIOULA: UMA DIVERSÃO CULTURAL EM JAMARY |
Lindionora Ribeiro 1 Aleildes Alves Lima 1 Cleudiliana Cardoso Ferreira 1 Josiene Santos da Silva 1 |
1. Profº Ribamar Sá Silva - Depto de Econômia - UFMA |
INTRODUÇÃO: |
O Tambor de Crioula é oriundo da África trazido para o Brasil pelos negros escravizados de diversas regiões – como Guiné, Congo e Angola – estes desembarcaram em terras maranhenses entre os séculos XVIII e XIX. No entanto recebemos a colaboração étnica cultural dos africanos de maneira mesclada, devido à escravidão e miscigenação, sobretudo no que diz respeito às manifestações religiosas. Sendo que essa religião africana chegou ao Brasil com muitas dificuldades, lutas e perdas. E isso fez com que essa crença fosse ainda mais valorizada pelo negro que tentou conservar tudo aquilo que era seu: arte, cultura, religião, culinária, etc. O Tambor de Crioula é uma dança alegre, marcada por movimento sensual e descontração onde as dançarinas dançam ao som de tambores, matracas, músicas; os cantores através das suas toadas envolvem as pessoas neste meio sócio-cultural em louvor a São Benedito (santo protetor dos negros). Estes dançam também como forma de pagamento de promessa, aniversário, chegada ou despedida de alguém, etc, portanto não existe um dia determinado para a dança acontecer. Por exemplo, na comunidade Jamary dos Pretos essa cultura incorpora alguns elementos católicos como pagamento de promessas e festejos de padroeiros. |
METODOLOGIA: |
Durante os rituais da dança os coreiros trajam roupas típicas da dança onde a animação é realizada com o coro puxado pelos homens com o acompanhamento das mulheres. O mestre puxa a toada de levantamento que pode ser uma toada já existente ou improvisada. Em seguida os coros integrados pelos instrumentistas e pelas mulheres acompanham, passando esse canto a compor o refrão para os improvisos que se sucederão. As dançarinas se apresentam individualmente no interior de uma roda formada por um grupo de vários brincantes, incluindo dirigentes, dançantes, cantadores e tocadores. Da roda participam também os acompanhantes do tambor que contribuem com o ritmo batendo palmas e cantando. Os tambores são bastante rústicos, feitos manualmente de troncos cortados nos três tamanhos. Durante a dança, os tambores são esquentados na fogueira para que tenham afinação perfeita. |
RESULTADOS: |
Verificou-se que a cultura do Tambor de Crioula é condição imprescindível para as festas em homenagem a São Benedito onde no momento do pagamento das promessas há certo ritual constituído de reza de ladainhas, abertura do tambor com uma roda em que as coreiras dançam com a imagem de São Benedito na cabeça até o amanhecer, enquanto os cantadores entoam canções. As toadas têm importância extrema, sendo a sua composição na hora inspirada por temas relacionados a São Benedito e ao cotidiano dos brincantes. Portanto pra que haja valorização e continuidade desta cultura há necessidade de parceria e apoio por parte dos órgãos. |
CONCLUSÃO: |
Conclui-se que a cultura do Tambor de Crioula existente na comunidade Quilombola Jamary dos Pretos é uma forma de afirmar a crença em São Benedito, cuja devoção é inspirada principalmente pela identificação com a cor da pele do santo pelos brincantes, em sua maioria afro-descendente. O culto deste santo no Maranhão é antigo e muito forte, podendo ser observado com muita freqüência, sobretudo entre as classes menos favorecidas. Nas festas de promessas só se inicia ou encerra o ritual depois de entoadas diversas canções do tambor em homenagem a São Benedito, o que é acompanhado pela dança dos brincantes e pelo conjunto dos tambores, pelo que se percebe a enorme importância das toadas no pagamento de promessas e na animação dessas atividades. |
Palavras-chave: Tambor de Crioula, diversão popular e promessa. |