64ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia
O PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA LEISHMANIOSE TEGUMENTAR MERICANA NO ESTADO DE SANTA CATARINA, NO PERÍODO DE 2007 A 2009.
Ana Maria da Cunha 1
Alcides Milton da Silva 2
1. Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina - SES/SC
2. Departamento de Saúde Pública - SPB/UFSC
INTRODUÇÃO:
A Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA), é uma doença infecciosa, não contagiosa, causada por protozoários do gênero Leishmania, de transmissão vetorial, que acomete pele e mucosas. Primariamente é uma infecção zoonótica que afeta outros animais e secundariamente o homem. Tem como reservatório algumas espécies de roedores, marsupiais, edentados e canídeos silvestres, sendo os animais domésticos hospedeiros acidentais. É transmitida ao homem, através da picada de insetos flebotomíneos. Constitui problema de saúde pública em 88 países das Américas, Europa, África e Ásia, com cerca de 1,5 milhões de casos anuais. No Brasil, está presente em todas as unidades federadas, tendo no período de 1985-2005, ocorrido uma média anual de 28.568 casos autóctones. Santa Catarina, no período de 2001-2006, apresentou 332 casos, sendo 213 de transmissão autóctone. A Leishmania braziliensis foi a espécie encontrada em 99,2% dos casos tendo como vetor a espécie Lutzomyia (Nyssomyia) Neivai. O objetivo deste é caracterizar o perfil epidemiológico da ocorrência da LTA em Santa Catarina. Torna-se importante o entendimento epidemiológico devido a sua magnitude, aos reflexos social e econômico e o risco de ocorrência de deformidades no ser humano.
METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo de ordem quantitativa, efetuado por meio da coleta de dados, análise e o cálculo de indicador epidemiológico. A obtenção dos dados epidemiológicos ocorreu no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN-net), através do banco de dados do TABNET, disponível no endereço www.saude.gov.br, do Ministério da Saúde, e/ou no endereço www.saude.sc.gov.br, da Secretaria de Saúde do Estado de Santa Catarina. Foram coletados o número total de casos confirmados e o número total de casos autóctones, no período de 2007 a 2009. Dos casos confirmados, foram estudadas as variáveis raça, sexo, faixa etária, escolaridade, zona de residência, forma clínica, tipo de casos, evolução, critério de confirmação e tipo de ocupação. Para o cálculo da taxa de prevalência, utilizou-se como numerador, o número total de casos confirmados e denominador, a população exposta ao risco, no período estudado. Quanto à população, no período de 2007-2009, foi realizada a pesquisa junto às projeções intercensitárias, disponíveis no Sistema População Residente – IBGE, no mesmo banco de dados (TABNET). Para a apresentação e análise dos resultados, foram confeccionados tabelas e gráficos, sendo utilizado como recursos em sua fase de elaboração, os programas Microsoft Excel 2003 e Tabwin.
RESULTADOS:
O Estado de Santa Catarina, no período de janeiro/2007 a dezembro/2009, apresentou um total de 214 casos confirmados de Leishmaniose Tegumentar Americana, sendo que o município de Blumenau apresentou 32% das ocorrências, Jaraguá do Sul, com 11% e Florianópolis, com 6%. A distribuição dos casos ocorreu, sendo: 76% autóctones; 93,5% obtiveram a confirmação do diagnóstico por meio clínico–laboratorial; 81% dos casos evoluíram para a cura; 96,5% ocorreram na forma cutânea e 3,5% na forma mucosa; as recidivas ocorreram em apenas 2% dos casos. Quanto à forma de transmissão, 74% ocorreram em zona urbana. Segundo a ocupação, os estudantes (16,5%) aposentado/pensionistas (14%), pedreiros (7,1%) e do lar (6,5%) registraram as maiores ocorrências. Pessoas do gênero masculino representam 64% dos casos e os indivíduos brancos, 96%. A faixa etária mais acometida foi dos 20–39 anos (32,5%) e 40-59 anos (32,5%) e pessoas com grau de escolaridade de 5ª a 8ª série incompleta, representam 25% dos casos. O presente estudo revelou a prevalência de 3,5 / 100.000 habitantes.
CONCLUSÃO:
Foi possível caracterizar o perfil epidemiológico da LTA no Estado de Santa Catarina. Devido à existência de outras doenças com manifestações clínicas semelhantes à LTA, como a sífilis, hanseníase, piodermites, úlcera venosa, entre outras, os exames laboratoriais se fazem necessários para a confirmação da doença. A utilização de métodos de diagnóstico laboratorial visa não somente a confirmação dos achados clínicos, mas também, fornecer importantes informações epidemiológicas, pela identificação da espécie circulante, orientando quanto às medidas a serem adotadas para o controle desta doença. Por esta razão acredita-se que o diagnóstico clínico-laboratorial forneça maiores subsídios para a confirmação do caso e consequentemente do perfil epidemiológico da LTA, em comparação ao clínico-epidemiológico. A maioria dos casos pode ser considerada uma doença ocupacional. Porém, necessário se faz a realização de estudos para determinar o seu modo de transmissão, que do resultado das análises epidemiológicas têm sugerido mudanças no padrão de transmissão da doença, inicialmente considerada zoonoses de animais silvestres, acometendo ocasionalmente pessoas nas florestas, posteriormente, passou a ocorrer em zonas rurais praticamente desmatadas e em regiões peri-urbanas.
Palavras-chave: Leishmaniose Tegumentar Americana, perfil epidemiológico, Estado de Santa Catarina.