64ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica
MORFOMETRIA FOLIAR COMPARATIVA DE DUAS ESPÉCIES ARBÓREAS PIONEIRAS, AMAZÔNIA ORIENTAL, SÃO LUÍS, MA
Raysa Valéria Carvalho Saraiva 1
Emília Cristina Girnos 2
1. Depto. de Biologia, Universidade Federal do Maranhão- UFMA
2. Profa. Dra./Orientadora- Depto. de Biologia, Universidade Federal do Maranhão- UFMA
INTRODUÇÃO:
As características foliares podem refletir as relações adaptativas das plantas perante o ambiente e estão frequentemente associadas às adaptações fotossintéticas. A habilidade de um organismo individual alterar suas características em resposta a mudanças das condições ambientais é denominada de plasticidade fenotípica e esta aparece como alterações morfológicas e/ou ajustes no mecanismo bioquímico. Cochlospermum orinocense Steud. (Cochlospermaceae) e Isertia hypoleuca Benth. (Rubiaceae) são espécies arbóreas pioneiras com distribuição amazônica e hábitos distintos: a primeira é decídua, heliófita, com folhas compostas e alternas, conhecida vulgarmente como algodoí; I. hypoleuca, por sua vez, é uma espécie sempre-verde, heliófita até ciófita, com folhas inteiras e opostas, conhecida vulgarmente como rabo-de-arara. O objetivo foi quantificar características morfo-anatômicas foliares das espécies C. orinocense e I. hypoleuca, em vegetação primária e secundária, visando comparar estratégias e identificar diferenças estruturais sob diferentes condições ambientais. Sabendo que as espécies pioneiras foram consideradas mais plásticas que as espécies tardias, espera-se encontrar plasticidade quanto às características estruturais.
METODOLOGIA:
As coletas foram realizadas na reserva particular conhecida como sítio Aguahy, localizada na porção sudeste da Ilha de São Luís, no município de São José de Ribamar (2°38’S, 44°07’W), a 32 km de São Luís, capital do estado. A reserva compreende uma área de aproximadamente 400 ha que apresenta ecossistemas de mangue, restinga, áreas de mata primária e áreas de floresta secundária. Foram coletadas seis folhas adultas do quarto nó de seis e de dez indivíduos de C. orinocense em mata primária e secundária, respectivamente e de dez indivíduos de I. hypoleuca em cada ambiente. Os parâmetros anatômicos e morfológicos foram medidos. O índice de esclerofila (IE) foi calculado mediante a relação entre o peso seco e o dobro de sua área. O índice de plasticidade fenotípica (IP) foi calculado pela diferença entre o maior e o menor valor médio encontrado dividido pelo maior valor médio, considerando os dois ambientes analisados para cada espécie. A análise dos componentes principais (PCA) foi utilizada para determinar a ordem de importância entre as variáveis quantitativas.
RESULTADOS:
C. orinocense e I. hypoleuca apresentaram características típicas de espécies arbóreas de florestas pluviais, tais como mesofilia e macrofilia, hipostomatismo e mesofilo dorsiventral com duas camadas de parênquima paliçádico. I. hypoleuca e C. orinocense mostraram maior área e volume foliar nos indivíduos da mata primária, embora não tenham diferido significativamente com relação à massa seca nos dois ambientes. As plantas de mata secundária mostraram aumento da espessura do parênquima paliçádico, do mesofilo e da lâmina foliar, o que é considerado uma adaptação à alta luminosidade. A maior contribuição do parênquima lacunoso para lâmina foliar de I. hypoleuca reflete um hábito provavelmente mais tolerante à sombra que C. orinocense. Os maiores valores de IE foram obtidos para C. orinocense e I. hypoleuca na mata secundária: 0,37 e 0,51, respectivamente. Na análise de PCA, as características espessura do mesofilo e da lâmina foliar explicaram a maior parte da variação. I. hypoleuca apresentou maior valor para o índice de plasticidade fenotípica (IP = 0,49). O maior valor de IP para I. hypoleuca quando comparado a C. orinocense (IP= 0,44), pode estar associado à abrangência do hábito e a um sistema genético favorável à plasticidade nesta espécie.
CONCLUSÃO:
Neste estudo foi possível determinar a partir de espécies arbóreas pioneiras com hábitos distintos respostas plásticas similares, convergindo num mesmo sentido quanto à variação de parâmetros morfo-anatômicos, conforme os ambientes analisados, em mata primária e secundária. Estudos posteriores devem ser realizados para avaliar diferenças fisiológicas e bioquímicas nas duas espécies.
Palavras-chave: Sucessão, Morfologia foliar, Plasticidade.