64ª Reunião Anual da SBPC

C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática

AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS SOCIOAMBIENTAIS AO LONGO DO IGARAPÉ DO GATO NA CIDADE DE ZÉ DOCA-MA

Erlane Santana Macedo 1 Angelo Afonso Ferreira Sousa 1 Eduardo Guimarães Teixeira 1 Elãine Christine dos Santos Dourado 2 Geovane Ferreira da Silva 1

1. Instituto Federal do Maranhão- Campus Zé Doca 2. Profa. MSc/Orientadora- MSc. em Ciências Ambientais -IFMA Campus Zé Doca

INTRODUÇÃO:

O uso intensivo do solo aliado à ausência de planejamento pelas atividades urbanas tem gerado disfunções espaciais e ambientais, principalmente em ambientes aquáticos, repercutindo na qualidade de vida do homem, atingindo na maioria das vezes de forma mais intensa a população de baixa renda que muitas vezes sem acesso a moradia, passa a ocupar áreas impróprias à habitação, como as Áreas de Preservação Permanente. A cidade de Zé Doca, localizada na região do Alto Turí, ocupa uma área de 2.413.751 Km² e possui uma população de cerca de 50.160 habitantes, segundo estimativas do IBGE (2010), sendo recortada por uma densa malha de igarapés que formam o sistema fundamental das bacias de drenagem, dentre os quais um dos maiores e mais importantes, segundo a comunidade local (com. pess.), é o Igarapé do Gato. Diante da importância desse ecossistema, esse trabalho justifica-se pela necessidade de se conhecer e avaliar os danos causados pelo processo de expansão urbana ao longo do Igarapé do Gato. O presente estudo teve como objetivo fazer um levantamento sobre a atual situação ambiental que encontra-se o Igarapé do Gato, indicando quais as principais atividades que favoreceram a sua degradação, bem como as consequências dessa deterioração para a população residente em seu entorno.

METODOLOGIA:

O estudo de campo foi realizado no período de setembro a dezembro de 2011, na área ao longo do igarapé do gato, nas ruas Getúlio Vargas, Bento Lobato, José Ferraz, Henrique Dias e Machado de Assis. Realizou-se um registro fotográfico do local mensalmente, com o intuito de analisar as mudanças, considerando-se os períodos chuvoso e de estiagem, durante a execução do trabalho caracterizou-se a área de estudo através da base cartográfica feita com o auxílio do GPS. Continuou-se a pesquisa através de visitas ao campo para coleta de dados através da aplicação de questionários semi-estruturados com os moradores ao longo do igarapé, com o intuito de conhecer as condições habitacionais, econômicas e ambientais, assim como a presença das ações do poder público, avaliando como era usado antes e atualmente o igarapé e dessa forma identificar os problemas, tais como o descarte e acumulo de lixo, queimadas , desmatamento e outros, buscando informações da comunidade com a intenção de comparar com o acervo fotográfico do local.

RESULTADOS:

Foram entrevistadas 24 famílias (em um total de 100 pessoas), compostas por 2 a 12 integrantes. Quanto à renda, 79% ganham R$ 545,00 e cerca de 21% tem salário em torno de R$ 800. De acordo com os dados, pode-se definir a população residente, que fora entrevistada, como de baixa renda. Os entrevistados relatam que antes do processo de ocupação em 1960, ainda era possível usar as águas do igarapé para todos os serviços domésticos e para lazer das crianças e adultos e descrevem o ambiente nesse período como um lugar com muitas árvores, mas afirmam também que no decorrer dos anos quando aumentou o número de moradores aumentou os desmatamentos e a quantidade de lixo. Os moradores alegam a falta de sistema de coleta e dizem que, em decorrência disso, às vezes incineram o lixo ou jogam nas proximidades do igarapé. Além disso, o igarapé do Gato sofre com as queimadas, o assoreamento e o descarte de esgotos domésticos. Constatou-se também que mesmo no período chuvoso, parte do curso do igarapé permanece seco. Os problemas descritos anteriormente são consequências da ocupação urbana desordenada ao longo do igarapé, da falta de infra-estrutura para descarte adequado de lixo e também a falta de compromisso da população com o ambiente em que vivem.

CONCLUSÃO:

Este trabalho vem iniciar discussões acerca do cenário de degradação ambiental do município de Zé Doca, tendo como foco o Igarapé do Gato, visto ser este um ambiente de grande importância para a comunidade local. A população que se instalou ao longo do igarapé, de maneira inadequada, compromete a manutenção dos ambientes aquáticos, que são constantemente contaminados por lixo e outros dejetos. Através desse estudo, procurou-se contribuir para uma reflexão sobre o nosso papel na construção de uma relação mais harmoniosa com o meio ambiente e proporcionar uma leitura crítica destes problemas que vem se intensificando ao longo dos anos e provocando a eliminação de nossos recursos naturais sem que ao menos sejam conhecidos e utilizados de forma sustentável e nessa perspectiva fornecer dados primários para futuros programas de manejo e revitalização das áreas impactadas.

Palavras-chave: Processo de colonização, Desmatamento, Corpos hídricos.