64ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 3. Física - 2. Ensino de Física
O ENSINO DE FÍSICA ALIADO À FILOSOFIA: UMA FORMA DE ENRIQUECER O APRENDIZADO
Aline Sá do Espirito Santo 1
1. Colégio Ação 1
INTRODUÇÃO:
O termo Física vem do grego Physika, que significa “natureza”. Berço da democracia, da astronomia e da filosofia, a Grécia se instituiu núcleo das observações dos fenômenos naturais. Como resultado da evolução das concepções teóricas da humanidade, a Física alcançou patamares elevados, nos quais teoria, observação e procedimentos experimentais se tornaram imprescindíveis para a formulação de axiomas, teoremas e leis.
Numa sociedade em transformação incessante e, em decorrência, numa reformulação de exigências inerentes a atributos e capacidades de cada indivíduo, se fazem mister transformações nos pilares da evolução do ser humano, entre eles – a educação. Visando a aprimorar o ensino, professores recorrem ao uso de tecnologias que auxiliam a ilustração dos tópicos lecionados, o processo de aprendizagem ganha novas perspectivas e expectativas.
Porém, quando a aquisição de dispositivos tecnológicos não é possível, a implementação de recursos teóricos e literários constitui uma aliada no rompimento do paradigma que associa o ensino de Física à simples memorização de fórmulas e resolução de exercícios. Este trabalho aplicou a Filosofia em suas diferentes épocas no ensino de fundamentos físicos e obteve boa resposta por parte dos alunos.
METODOLOGIA:
O trabalho foi realizado com alunos da primeira e da segunda séries do ensino médio de dois colégios particulares no bairro do Méier, no Rio de Janeiro, capital, durante todo ano letivo de 2011.
Para cada novo tópico, bibliografias eram selecionadas e frases motivadoras e que instigavam o raciocínio eram citadas na introdução do conceito – sempre relacionado ao conteúdo a ser ensinado. Após a conclusão deste, antes do início da resolução de exercícios, uma mesa redonda era formada, e a relação do conteúdo com o aluno enquanto ser humano e dotado de uma capacidade argumentativa, com a consciência ambiental e com a realidade circundante era discutida até se obter um consenso. Após esta mesa redonda, a cada aluno era proposta a elaboração de um texto no qual ele ou ela descreveria o que compreendeu sobre a teoria e o que é capaz de levar para o seu cotidiano. Somente quando concluídas estas etapas, é que tinha início a resolução dos exercícios, como uma forma de aprofundar todo o conteúdo trabalhado. Como motivação, os trabalhos valiam pontos em avaliações efetivas e, depois de corrigidos e discutidos, foram devolvidos para os alunos.
RESULTADOS:
Os alunos responderam muito bem à metodologia proposta, afirmando que a quebra na rotina do ensino de Física despertou o interesse em entender a disciplina e representou uma nova perspectiva em suas concepções alternativas, uma vez que eles começaram a se indagar mais sobre o porquê das coisas, como elas funcionam, como se otimizar a sua utilização em prol do meio-ambiente e como prevenir acidentes das mais variadas naturezas. Promoveu uma aproximação entre a Física e a vida dos alunos e das pessoas que com eles convivem.
A utilização de trechos de livros, a citação de pensamentos dos principais filósofos e cientistas e o estímulo de sua capacidade neurorreceptiva permitiram uma maior aceitação da teoria dada em sala de aula e a ruptura de paradigmas que comprometem o ensino e o aprendizado das ciências exatas e da natureza.
O que interferiu na eficácia da metodologia aplicada foi a dificuldade em discorrer sobre um assunto na redação. Essa deficiência foi diagnosticada como falta do hábito de leitura, pois esta questão foi apresentada aos alunos e, aproximadamente, 80% não possuem o hábito da leitura de quaisquer meios impressos. Uma proposta que será inserida é a proposição de bibliografias que serão trabalhadas em sala de aula como atividades reflexivas e paradidáticas.
CONCLUSÃO:
Analisando a resposta dos alunos, pode-se inferir que a metodologia apresentada e aplicada apresentou resultados satisfatórios – os alunos aprenderam o conteúdo abordado, demonstraram maior interesse nas aulas e recuperaram suas notas nas avaliações.
O cérebro necessita de estímulos para potencializar a sua capacidade de assimilação, argumentação e reprodução. Quando não há motivação, a capacidade cerebral entra num estado de latência, o que retarda o aprendizado, por exemplo. A quebra numa rotina é o suficiente para estimular os neurônios a se adaptarem e buscarem associações para o novo aprendizado. Foi com base em estudos sobre o cérebro e suas aptidões que se fundamentou este projeto. A utilização de mnemônicas enriqueceu a sua implantação, corroborando para uma melhor apreensão dos tópicos ensinados. O método utilizado se mostrou válido e bem estruturado.
Palavras-chave: ensino, argumentação, repertório cognitivo.