64ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica
Padrões Fenológicos nos Diferentes Hábitos de Vegetação de Restinga no Nordeste do Brasil
Éville Karina Maciel Delgado Ribeiro 1,2
Isabel Cristina Sobreira Machado 3
Márcia Maria Correa Rego 2
Leonor Patrícia Morellato 4
1. Profa. Dra. - Instituto Federal de Educação Tecnológica do Maranhão - IFMA
2. Profa. Dra. - Universidade Federal do Maranhão - UFMA
3. Profa. Dra. - Universidade Federal de Pernambuco - UFPE
4. Profa. Dra. - Universidade Estadual Julio de Mesquita Filho - UNESP/Rio Claro
INTRODUÇÃO:
A combinação de origens e forma particular de diversidade ligada funcionalmente a certas adaptações faz com que as restingas sejam especialmente sensíveis, sendo sua conservação, portanto, prioritária.
Nesse contexto, estudos enfocando aspectos ecológicos deste ecossistema fazem-se
necessários para o melhor entendimento de sua dinâmica, podendo-se assim, propor ações mitigadoras dos impactos associados e proporcionar medidas que culminem
verdadeiramente na conservação desse ecossistema tão peculiar.
A fenologia das espécies vegetais é marcada por padrões que podem significar respostas a diferentes estímulos. Pressões seletivas por polinizadores, dispersores e
predadores, ritmos endógenos, diferenças morfológicas e na habilidade de captar e armazenar recursos, além de fatores abióticos como umidade do solo, chuva e fotoperíodo podem ser citados como alguns dos responsáveis por esses padrões.
METODOLOGIA:
O objetivo deste trabalho foi avaliar a fenologia das espécies ocorrentes em um ambiente de Restinga no Nordeste do Maranhão, Brasil, verificando como os padrões fenológicos variam entre hábitos e como as fenofases se correlacionam com os fatores climáticos. Foram estudados 1167 indivíduos, de 88 espécies vegetais, distribuídos em quatro hábitos (árvores, arbustos, ervas e trepadeiras), durante dois anos (2008-2010) em uma Reserva Legal próxima ao Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses (2°43’22,5”S; 42°49’50”W). Foram feitas excursões mensais ao local de estudo, de fevereiro de 2008 a janeiro de 2010, sendo amostrados todos os indivíduos encontrados em 100 parcelas de 10 x 10 m, distribuídas em uma área de 60 hectares, totalizando 1 hectare de área amostrada.
RESULTADOS:
Todas as fenofases avaliadas, com exceção da frutificação, apresentaram sazonalidade. A floração de árvores e arbustos ocorreu na estação seca, enquanto a de ervas ocorreu na estação chuvosa. A frutificação das espécies arbóreas ocorreu, em sua maioria, na estação seca, bem como os maiores picos de frutificação de ervas e trepadeiras. Durante a estação chuvosa houve maior atividade de frutificação de arbustos. Queda e brotamento de folhas ocorreram na estação seca para todos os hábitos, exceto o herbáceo, no qual a queda de folhas ocorreu na estação chuvosa. As datas médias dos picos de atividade das fenofases floração, frutificação e brotamento mostraram diferenças para cada hábito.
Estudos anteriores com espécies arbóreas de restinga demonstraram baixa sazonalidade na fenologia das espécies e não observaram correlação significativa
com a precipitação. Em estudos no Sudeste do Brasil, o fotoperíodo foi o fator que mais influenciou a atividade fenológica das espécies vegetais, no entanto, no Nordeste esse fator é pouco variável, tornando-se pouco significativo.
CONCLUSÃO:
Existe sazonalidade em todas as fenofases observadas na área de estudo, menos a
frutificação, o que pode estar relacionado ao tipo de dispersão dos frutos. A precipitação foi o principal fator relacionado à fenologia das espécies da área de
estudo. As diferenças temporais entre os picos de atividade fenológica, demonstram que a presença de espécies de distintos hábitos pode promover melhor
distribuição dos recursos (folhas, flores e frutos), que serão oferecidos continuamente para a fauna de polinizadores, dispersores e herbívoros.
Palavras-chave: Fenologia, Sazonalidade, Conservação.