C. Ciências Biológicas - 2. Biologia Geral - 3. Biologia Geral |
|
BIOLOGIA REPRODUTIVA DE Apistogramma agassizii NO AMBIENTE DE TERRA FIRME E VÁRZEA – AM |
|
Jomara Cavalcante de Oliveira 1 Helder Lima de Queiroz 1
|
|
1. Biologia e Ecologia de Peixes - IDSM
|
|
INTRODUÇÃO: |
O Lago Tefé é um lago formado pela erosão de terrenos altos, constituindo uma área de terra firme, sendo este banhado por águas pretas do rio Tefé. Na Reserva Mamirauá todos os corpos d'água são formadas por águas brancas do ecossistema de várzea. Embora os rios de água preta têm baixa fertilidade, sendo designados “pobres” em nutrientes, os rios de água branca são muito “rico” em nutrientes abrigando a ele várias espécies de diferentes populações. Nesses diferentes ambientes encontra-se o ciclídeo Apistogramma agassizii, espécie muito popular entre aquarista devido à grande variedade de comportamento, cores e formas, bem como à fácil reprodução em cativeiro e cuidado parental. Por outro lado, pouco se conhece sobre a biologia destas espécies de ciclídeos no ambiente natural, o que dificulta a tomada de decisões e medidas a respeito da sua conservação. Há poucos dados publicados acerca da reprodução de populações de Apistogramma em ambiente natural. E, diante dessa elevada busca pela espécie, o presente estudo visa estudar a biologia reprodutiva de A. agassizii neste dois diferentes ambientes, com a finalidade de fornecer subsídios para a conservação da espécie na região. |
|
METODOLOGIA: |
As coletas no Lago Tefé foram realizadas mensalmente de Abril de 2010 a Março de 2011 e bimestralmente na Reserva Mamirauá nos meses de Março de 11 a Janeiro de 2012. A diferença de período de coleta foi devido à acessibilidade para os dois locais de estudo. O apetrecho de coleta utilizado foram rapichés redondo/quadrado em locais com águas rasas perto da zona litoral em todos os locais de estudo. Os aparelhos de pesca utilizados para a captura da espécie foram rapichés redondos e quadrados. Os peixes coletados foram fixados em solução de formalina 10% e transportados para o laboratório, onde foram identificados e conservados em álcool 70 %. Todos os animais foram medidos, pesados e sexados. As gônadas dos indivíduos foram removidas para posterior análise. Para a caracterização dos estádios de maturação gonadal foi usado como referência a descrição encontrada por Vazzoler (1996). O período reprodutivo foi determinado através da freqüência mensal dos estádios de maturação das gônadas. O Estudo da fecundidade foi determinado através das classes de ovócitos, com base no valor dos diâmetros mensurados, que também contribuíram para caracterizar o tipo de desova da espécie. Foi determinada classe de comprimentos para encontrar o valor do tamanho de primeira maturação. |
|
RESULTADOS: |
Ao final do estudo foi analisado um total de 1.150 indivíduos para o Lago Tefé onde, 513 são fêmeas e 637 são machos, na Reserva Mamirauá foram coletados 308 indivíduos sendo 153 fêmeas e 155 machos. O valor médio encontrado para o tamanho de primeira maturação (L50) dos indivíduos do Lago Tefé foi de 20,3 mm para as fêmeas (d.p. = 3,9) e 17,2 mm para os machos (d.p. = 5,7), para os indivíduos da Reserva Mamirauá foi de 19,7 mm para fêmeas (d.p. = 0,7) e 21 mm para machos (d.p. = 1,0). Encontrou-se um maior número de indivíduos adultos nos meses de abril-10 e novembro-10 para a espécie do Lago Tefé e nos meses de março-11 e janeiro-12 para indivíduos da Reserva Mamirauá. A fecundidade média foi analisada a partir de sete ovários maduros de A. agassizii do Lago Tefé e foi encontrado o valor médio de 160,8 ovócitos por gônada (d.p. = 33,1) e a partir de cinco ovários maduros de A. agassizii da Reserva Mamirauá o valor médio encontrado foi de 111,40 ovócitos (d.p. = 39,5). O tipo de desova observado para a espécie em ambos os ambientes foi sincrônico em dois grupos, característico de peixes com desova total. |
|
CONCLUSÃO: |
No tamanho de primeira maturação (L50), para o Lago Tefé encontrou-se maior valor para fêmeas e na Reserva Mamirauá encontrou um maior valor para os machos, demonstrando que no Lago Tefé os machos estão maturando primeiro. Os valores obtidos pela fecundidade definem a espécie como k-estrategista e com um provável cuidado parental, pois a preferência da espécie por locais mais rasos pode ser uma estratégia importante para proteger os filhotes, uma vez que predadores de maior porte enfrentariam dificuldades de locomoção e consequentemente de atuação sobre a espécie. Os meses com a maior incidência reprodutiva para a espécie em ambos os ambientes coincide com período da enchente, assegurando aos filhotes maior disponibilidade de alimento e minimizando os riscos de predação da prole devido ao aumento de abrigos. |
|
|
Palavras-chave: Período Reprodutivo, Desenvolvimento gonadal, Apistogramma agassizii. |